segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Aos meus arquirrivais


Prezados rivais,

Como rubro-negro – melhor dizendo: como flamenguista – apaixonado que sou, manifesto publicamente o meu orgulho em poder olhar de igual para igual para vocês, adeptos dos dois grandes arquirrivais do meu time.

Independentemente das derrotas ou das vitórias que acumulamos em décadas de rivalidade, nossos adversários sempre honraram suas respectivas camisas, verdadeiros pavilhões que representam os vários capítulos de glórias esportivas OBTIDAS APENAS E TÃO SOMENTE DENTRO DE CAMPO.

É sob essa premissa irrefutável do "jogo jogado" que se faz um clube verdadeiramente grande.

Ao Club de Regatas Vasco da Gama e ao Botafogo de Futebol e Regatas, oponentes do bom combate, meus sinceros respeitos.

Saudações Rubro-Negras

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Jayme de Almeida


O título da Copa do Brasil 2013 conquistado brilhantemente pelo Flamengo fez justiça a um personagem necessário ao futebol brasileiro. Jayme de Almeida, ex-jogador e funcionário do clube há alguns anos, transparece a imagem de um monge budista, um pároco interiorano, um sábio acadêmico. Fala mansa, ideias claras, pensamento linear, modo simples e objetivo de ver as coisas. Características raras hoje em dia, em se tratando de um "mercado" onde coabitam professores de linguajar pseudo-empolado e posudos metidos a PhDs, todos detentores de cifras indecentes.

Jayme esperou pacientemente alguns (muitos) anos pela oportunidade de se firmar como técnico do seu clube de coração. Curiosamente, a chance veio como um desafio equivalente à dimensão gigante do Flamengo: em meio a um campeonato claudicante para o rubro-negro da Gávea, no qual a alternância de vitórias magras e derrotas amargas fez Mano Menezes – contratado como estrela da companhia – pedir o boné. Jayme foi efetivado às pressas, com a missão de livrar o clube de um inédito rebaixamento e de tocar a Copa do Brasil na base do "até onde der".

E deu!

Não há dúvida de que os méritos do terceiro título flamenguista na segunda competição mais importante do futebol brasileiro residem, em grande medida, na capacidade admirável que Jayme teve em transformar um grupo perdido do ponto de vista técnico numa equipe coesa, com peças fixas e ciente das suas limitações, mas principalmente revigorada em termos de dedicação. Jogadores como Paulinho, Hernane Brocador, Amaral Pitbull, Wallace, Chicão, Elias e Luiz Antônio, entre outros, transfiguraram-se de coadjuvantes a destaques num time em ascensão. E as vitórias vieram, vieram, vieram...

Jayme é mais um personagem na já longa lista de técnicos campeões que o Flamengo forma em casa. Se junta, portanto, a Zagallo, Claudio Coutinho, Paulo César Carpegiani, Carlinhos, Andrade... Todos conhecedores das coisas do Flamengo, de como funciona o efervescente caldeirão político da Gávea, todos talhados na intensidade de conviver junto à maior torcida do Brasil. Jayme, nesse 2013 que se encerra, pareceu tirar o peso de letra. Não só eliminou o risco de descenso com vitórias convincentes como amealhou um título improvável de início, mas merecidíssimo no seu apogeu.

A Jayme de Almeida, rubro-negro de corpo, alma e coração, os meus sinceros agradecimentos. E que o caminho das vitórias continue sendo trilhado no mesmo ritmo de serenidade que o levou à conquista da Copa do Brasil. É o que todos os flamenguistas esperamos.

Saudações Rubro-Negras

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A briga pelo rebaixamento no Brasileirão 2013: dez constatações e nenhum pitaco

- A Ponte Preta é o único dos cinco times que brigam mais diretamente para não cair que ainda está envolvido em outra competição – a Copa Sulamericana.

- O Vasco é único time que não terá mais confrontos com adversários diretos – o chamado "jogo de seis pontos".

- Haverá apenas dois confrontos diretos entre os que hoje brigam para fugir do rebaixamento: Criciúma x Ponte Preta, na 32ª rodada; e Bahia x Fluminense, na 38ª rodada.

- O Vasco é o time que terá mais jogos contra times que hoje estão no G4: três (Grêmio fora, Cruzeiro em casa e Atlético-PR fora). Bahia, Ponte Preta e Criciúma terão dois jogos cada contra "G4s". O Fluminense não terá nenhum.

- Dos cinco times, apenas Bahia e Ponte Preta terão mais jogos fora do que dentro de casa – sendo que dos quatro jogos fora de casa que o Bahia fará dois deles serão contra times do G4. O Fluminense vai jogar quatro dos sete jogos em casa, mas um será em campo neutro, contra o Flamengo.

- A Ponte Preta é o único dos cinco times que não vai enfrentar o já rebaixado Náutico na sequência do campeonato.

- O Vasco é o único time que terá duas sequências de dois jogos seguidos dentro de casa (Coritiba e Santos, Cruzeiro e Náutico).

- Até o final do campeonato, Fluminense e Criciúma não terão mais que enfrentar sequências de dois jogos seguidos fora de casa.

- Dos sete jogos que restam ao Fluminense, seis serão contra times sem objetivo (Náutico) ou que ocupam a zona intermediária da tabela (Atlético-MG, Santos, São Paulo, Internacional, Flamengo, Corinthians, Coritiba e Portuguesa: times que têm poucas chances ir à Libertadores e baixo risco de rebaixamento). Bahia e Vasco têm quatros jogos cada contra essas equipes; Ponte Preta e Criciúma têm apenas dois.

- Ponte Preta (35ª rodada) ou Vasco (36ª rodada): um dos dois tem boas possibilidades de ser o adversário do Cruzeiro no jogo da confirmação do título Brasileiro de 2013.

BAHIA

32ª RODADA
Grêmio x Bahia (F)
33ª RODADA
Bahia x Atlético-MG (C)
34ª RODADA
Santos x Bahia (F)
35ª RODADA
Náutico x Bahia (F)
36ª RODADA
Bahia x Portuguesa (C)
37ª RODADA
Cruzeiro x Bahia (F)
38ª RODADA
Bahia x Fluminense (C)

FLUMINENSE

32ª RODADA
Flamengo x Fluminense (N)
33ª RODADA
Corinthians x Fluminense (F)
34ª RODADA
Fluminense x Náutico (C)
35ª RODADA
Fluminense x São Paulo (C)
36ª RODADA
Santos x Fluminense (F)
37ª RODADA
Fluminense x Atlético-MG (C)
38ª RODADA
Bahia x Fluminense (F)

PONTE PRETA

32ª RODADA
Criciúma x Ponte Preta (F)
33ª RODADA
Ponte Preta x Vitória (C)
34ª RODADA
Goiás x Ponte Preta (F)
35ª RODADA
Cruzeiro x Ponte Preta (F)
36ª RODADA
Ponte Preta x Grêmio (C)
37ª RODADA
Ponte Preta x Portuguesa (C)
38ª RODADA
Internacional x Ponte Preta (F)

VASCO

32ª RODADA
Vasco x Coritiba (C)
33ª RODADA
Vasco x Santos (C)
34ª RODADA
Grêmio x Vasco (F)
35ª RODADA
Corinthians x Vasco (F)
36ª RODADA
Vasco x Cruzeiro (C)
37ª RODADA
Vasco x Náutico (C)
38ª RODADA
Atlético-PR x Vasco (F)

CRICIÚMA

32ª RODADA
Criciúma x Ponte Preta (C)
33ª RODADA
Náutico x Criciúma (F)
34ª RODADA
Criciúma x Atlético-PR (C)
35ª RODADA
Coritiba x Criciúma (F)
36ª RODADA
Criciúma x Vitória (C)
37ª RODADA
Criciúma x São Paulo (C)
38ª RODADA
Botafogo x Criciúma (F)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Pitacos soltos sobre o Rock in Rio 2013

Em sua nova fase na terra natal, iniciada em 2011 e que será encerrada (provavelmente) em 2015, o Rock in Rio se solidificou como um megaevento de marcas e produtos, uma agenda social para o povo local ver e ser visto, um grande programa-família – este, aliás, sempre foi um desejos dos organizadores, desde 1985. Se empresarialmente isso garante aos Medina ingressos sold out em poucas horas de venda, independentemente de o line-up ter sido ou não divulgado em sua totalidade, artisticamente deixa correr frouxo um certo desdém quanto ao apuro das atrações musicais. Só isso justifica nomes obscuros pisarem no palco principal da Cidade do Rock.


O efeito disso é que, mesmo durante os shows mais aguardados, era notório antes da metade das apresentações um clima de "tô nem aí" para o que estava rolando no palco. Era gente sentada na grama papeando sobre as fases da lua, garotada catando brinde de stand em stand, pessoal mais velho fotografando as casinhas de brinquedo da Rock Street, filas de fast foods lotadas... Para quem está ligado exclusivamente no som, esse tipo de reação não deixa de causar certo incômodo. Em shows normais, mesmo nos mais populares, dificilmente se vê esse tipo de falta de comprometimento. Mas aqui é festival – aliás, aqui é Rock in Rio, bebê.


Sobre os shows que me agradaram, destaco: Bruce Springsteen botando os sete dias de festival no bolso e indo para a galera; Justin Timberlake refinando em elegante verniz soul o seu bom pop de pista, amparado luxuosamente pela melhor banda que pisou no Palco Mundo (The Tennessee Kids); a ótima infusão da poesia agreste de Zé Ramalho com a distorção do Selputura, gerando um monstro imediatamente batizado de Zépultura; a teen party do Offspring, que fez muito marmanjo voltar a ter 19 anos; a introspecção do Alice in Chains; a classe de George Benson e Ivan Lins; a força do Living Colour; a brasilidade de Moraes, Pepeu e Roberta Sá.


Top 10 dos melhores shows (pela ordem cronológica do line-up):
 
  • Living Colour + Angélique Kidjo
  • The Offspring
  • Muse
  • George Benson + Ivan Lins
  • Alicia Keys
  • Justin Timberlake
  • Alice in Chains
  • Bruce Springsteen
  • Sepultura + Zé Ramalho
  • Iron Maiden
 
Top 10 dos piores shows (pela ordem cronológica do line-up):
 
  • Cazuza - O Poeta Está Vivo
  • Capital Inicial
  • Thirty Seconds To Mars
  • Saints of Valory
  • Sebastian Bach
  • Ghost B.C.
  • Mallu Magalhães + Banda Ouro Negro
  • Nickelback
  • Phillip Phillips
  • Lenine

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Chiclete sem Bell: a "Terça-Feira de Cinzas" para o Carnaval da Bahia



"Um céu sem estrelas
 Uma praia sem mar
 Amor sem carinho
 Romance sem par
 Carnaval sem festa
 Um jardim sem flor..."

Fosse escrita por um fã apaixonado nesta terça-feira, 10 de setembro de 2013, a letra da música "100% Você" possivelmente teria a inclusão de um novo verso:

"Chiclete sem Bell"

Como assim "Chiclete sem Bell"? "Bell sem Chiclete"? Que papo é esse, meu rei? Como tentar dissociar, na figura expressiva do seu criador, cantor, guitarrista e líder, a única imagem que vem a mente quando se fala da maior banda da Bahia e das maiores do Brasil?

Pois os fãs ardorosos do Chiclete com Banana, imortalizados pela feliz alcunha de "chicleteiros", passarão a noite de hoje e dos próximos dias (semanas, meses...) tentando responder a essas e outras perguntas. Ao derradeiro acorde emitido pelos amplificadores do trio elétrico no dia 4 de março de 2014, finalizando assim o último dia de desfile do bloco Camaleão, estará desfeita não apenas uma parceria de grupo, de amigos e de família, mas a essência de uma legenda imortalizada em décadas de carnaval baiano. Bell Marques estará oficialmente fora da banda que o consagrou como ídolo, artista e empresário. Dali em diante será Chiclete sem Bell, Bell sem Chiclete.

É exercício de redundância explicar a força do Chiclete sobre o caminhão para alguém que já viu a banda em ação nas ruas de Salvador durante a folia momesca. Já aos desavisados, que estreavam no carnaval sem saber muito bem do que se tratava, era sempre muito divertido assistir a reação de estarrecimento quando a banda iniciava as apresentações e carregava consigo, dentro e fora das cordas do bloco, na frente e atrás do trio, a incontável massa de seguidores. Muitos custavam a entender como aquilo tudo funcionava, de onde vinham os gigawatts de energia humana que abasteciam horas e horas de desfile, de que forma aquele sujeito barbudo, um tanto baixinho e de lenço na cabeça conseguia levar a festa tão incrivelmente bem, com tanta segurança e de forma tão harmoniosa.

"Que força é essa?", perguntava Bell Marques numa de suas dezenas de hits. Nem ele sabia dizer.

A saída do vocalista do Chiclete com Banana de sua eterna banda, anunciada oficialmente hoje para surpresa de quase todos, deixa uma enorme lacuna aberta no Carnaval da Bahia, que possivelmente jamais será preenchida por completo. Em quase 35 anos de asfalto e sol na cabeça, o grupo se estabeleceu com sobras no posto de maior e mais importante banda da festa, fato que era comprovado não apenas pelos caros abadás esgotados semanas antes da folia, mas principalmente pela "pipoca" de populares ensandecidos que era carregada do início ao fim do percurso, fosse do Farol da Barra à Ondina, fosse do Campo Grande à Praça Castro Alves – passando pela Avenida Sete.

Um pouco sobre a história da banda e dos rumos recentes (na minha opinião equivocados) tomados pelos gestores do Carnaval de Salvador já foram publicados aqui neste blog, em post de janeiro de 2010.

No emocionado vídeo postado hoje no YouTube, onde anuncia a sua decisão de descer definitivamente do trio do Chiclete, Bell deixa claro que seguirá em carreira solo após o carnaval e que a banda não será desfeita, ganhando assim um novo vocalista. O depoimento não esconde que "desgastes, conflitos e divergência de opiniões" minaram a parceria – artística e comercial – de longa data que ele mantinha com dois irmãos e um amigo (ex-músico da banda). O vídeo parece evidenciar que a ficha ainda não caiu muito bem para o cantor, não só pelas lágrimas e pela voz embargada, mas pela sensação de que ele sai de cena tendo perdido uma batalha interna, que o fez abrir mão da marca e do grupo que o forjou para sempre como um gigante do carnaval brasileiro.

Ninguém sabe como ele reagirá nos dias que marcarão o seu último carnaval carregando o Chiclete com Banana. Será certamente um carnaval muito peculiar para os fãs, que terão de dosar a alegria natural da folia com a triste sensação de “fim de festa”.

Aqui, deixo um depoimento pessoal: já são 14 anos, 14 carnavais em que brinquei ao som do Chiclete no Carnaval em Salvador, dentro dos blocos Camaleão, Nana Banana, Voa Voa e Nana Pipoca. Perdi a conta dos dias e das horas que esse período somado representa, embora guarde na memória (apesar das latinhas de cervejas) um longa metragem composto de cenas e momentos inesquecíveis, memoráveis, que irão sempre comigo para onde eu for. 2014 será o meu 15º e provavelmente último carnaval com o Chiclete com Banana pelas ruas da Bahia. Estou certo de que não haverá pessoa alguma no mundo capaz de substituir o "Bell do Chicletão" no seu próprio grupo, motivo mais do que suficiente para colocar um ponto final nesse meu casamento de tantos anos.

Uma página que vira para ele, para a banda e para mim.

E eu só posso dizer, por tudo o que vivi e por todas as alegrias que senti, que valeu, Bell. Valeu demais.

Foi lindo.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O Flamengo e os primeiros turnos na Era dos Pontos Corridos

Um breve levantamento nas estatísticas históricas do Campeonato Brasileiro de 2003 até hoje é capaz de mostrar com clareza a dificuldade do Clube de Regatas do Flamengo em se adaptar, de maneira competitiva, ao modelo de pontos corridos na competição. Ao menos se forem levados em conta os primeiros turnos de cada ano.

Já são 11 anos em que o Brasileirão adotou o formato no qual todos jogam contra todos, em partidas de ida e volta, e onde se sagra vencedor quem somar mais pontos. Nesse período, o Flamengo só conseguiu alcançar mais de 50% de aproveitamento ao fim da primeira metade de disputa em cinco oportunidades – incluindo 2009, quando acabou campeão. E em apenas um ano – 2011, quando tinha Ronaldinho Gaúcho em seu plantel – encerrou o turno no G4 dos classificados à Libertadores da América.

Abaixo, o levantamento com a posição na tabela, os número de participantes, a pontuação e o aproveitamento:

2003 - 13º de 24, 29 pontos (42%)

2004 - 22º de 24, 20 pontos (29%)

2005 - 18º de 22, 23 pontos (36,5%)

2006 - 13º de 20, 23 pontos (40,4%)

2007 - 7º de 20, 29 pontos (50,9%)

2008 - 7º de 20, 31 pontos (54,4%)

2009 - 7º de 20, 29 pontos (50,9%)

2010 - 14º de 20, 22 pontos (38,6%)

2011 - 2° de 20, 36 pontos (63,2%)

2012 - 7º de 20, 29 pontos (50,9%)

2013 - 15º de 20, 22 pontos (38,6%)

Mais até que mostrar os resultados obtidos pelos elencos que defenderam o Flamengo ao longo dos anos, a relação acima deixa claro que, salvo uma recuperação fora da curva da normalidade, o torcedor rubro-negro deverá ter bons motivos para rezar pela intervenção de São Judas Tadeu este ano.

Com 38,6% de aproveitamento e apenas 5 vitórias nos primeiros 19 jogos, a campanha do Flamengo em 2013 é praticamente idêntica à de 2010, quando o time de Vanderlei Luxemburgo manteve no returno o desempenho ridículo do turno. Vale lembrar que, na ocasião, o Flamengo só se salvou do rebaixamento devido a uma improvável combinação de resultados e de tabela (nas duas últimas rodadas) entre Vitória e Atlético-GO, que acabou livrando o time da Gávea e mandando o coirmão baiano para a Segundona.

O fraco percentual de aproveitamento no primeiro turno deste ano fica acima apenas das pífias campanhas de 2005 e 2004. Em ambos os anos o sofrimento para a Nação Rubro-Negra foi até as rodadas finais: em 2005, o time acabou salvo por um gol espírita de Obina contra o Paraná em Curitiba, coroando uma campanha de recuperação impressionante conduzida por Joel Santana; em 2004, salvou-se do risco de cair graças, entre outros parcos êxitos, a uma vitória contra o Palmeiras em pleno Parque Antártica.

Como esperança para a "maior torcida do mundo" há o fato de que as histórias – para o bem ou para o mal – nunca se repetem. Tempo e pontos a disputar existem para o time se recuperar no campeonato. Fica a dúvida se o campeonato, com suas surpresas e infindáveis possibilidades, pode dar uma mãozinha ao Flamengo este ano. A torcida agradeceria.

SRN

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A primeira vez de Zico nas páginas d'O Globo

Ainda viajando nos arquivos digitalizados dos 88 anos de história d'O Globo, resolvi procurar a primeira menção que o jornal fez ao maior craque da história do Flamengo.

Encontrei!

No dia 4 de maio de 1970, ao final de um pequeno texto na página 8-B sobre um jogo do time juvenil da época, o jornal publicou:

"Na preliminar, pelo Campeonato Carioca de Escolinhas, o Flamengo goleou o Campo Grande por 8x0. Zico, irmão de Edu, do América, marcou 5 'goals' e é o artilheiro absoluto do certame com 15 tentos".

Pois é, essa foi a primeira citação que O Globo fez ao nome Zico. Daí pra frente, a história pode contar o resto...

SRN

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O Sucesso do Quarteto Dos "Beatles"

Ao lado de dois pequenos anúncios para tratamento de psoríase e hemorróidas, a legenda da foto da agência de notícias UPI relata o tumulto que "os quatro rapazes de Merseyside" (isso mesmo, nada de Liverpool) causaram ao desembarcar no aeroporto de Londres após uma excursão a Estocolmo. O texto fala ainda do rastro de histeria que uma "verdadeira multidão de jovens" deixou na perseguição aos rapazes em emissoras de TV da capital inglesa, dias após o retorno da viagem à Suécia.

A data era 11 de novembro de 1963. Pela primeira vez, o jornal carioca O Globo fazia referência ao grupo formado por "Paul Macartney, Ringo Stars, John Lennon e George Harrison", segundo a grafia impressa na página 26 da edição desse dia. Daí pra frente é história.

A página e a edição histórica que pela primeira vez fala da maior banda de todos os tempos está disponível desde o último final de semana no site do jornal, que pôs na internet todo o seu acervo de quase um século de imprensa. Para quem gosta de viajar no tempo passado em busca de registros de grandes momentos, ou de momentos particularmente interessantes, o acervo digitalizado de O Globo é um banquete irresistível, capaz de puxar a pessoa horas a fio para a frente do computador.

Fica a dica.
 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A graça do jornalismo

Durante o programa CBN Rio de hoje, uma repórter noticiava o assassinato de um jovem por marginais que tentaram roubar, pela manhã, o carro que ele dirigia na cidade de Nova Iguaçu.
 
A repórter, lendo um breve texto, informou que um dos assaltantes havia deixado a carteira de documentos cair durante a ação criminosa, e que isso possivelmente facilitaria o trabalho da Polícia nas investigações.
 
Após o relato da repórter, o âncora do programa, Octávio Guedes, fez questão de confirmar com ela se o ladrão havia mesmo deixado a carteira de identidade cair no assalto, para logo depois soltar uma sonora gargalhada e dizer algo do tipo: "esse aí merece ser preso duas vezes, uma por ser criminoso e outra por ser burro! Hahahahahaha!!!". A outra apresentadora do programa, Lílian Ribeiro, gargalhava junto com Octávio.
 
Aí vieram os comerciais, e as vidas do Octávio, da Lílian e a minha seguiram em frente. Mas aquele momento sublime e sincero de intensa alegria não saiu da minha cabeça durante o dia.
 
Talvez porque as gargalhadas efusivas dos apresentadores do CBN Rio durante o programa, levando para a galhofa escancarada a história de quem morreu "atrapalhando o trânsito", traduzam a mais perfeita e fiel trilha sonora para a falência de princípios e de valores que atingiu em cheio essa minha profissão.
 
Vergonha é pouco para o que eu senti naquele momento por ser jornalista.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Chora, sanfona...

Uma das músicas mais tristes que eu já ouvi em toda a minha vida. E das mais lindas, certamente.

Obrigado, Dominguinhos.

*****



"Lamento Sertanejo"
Composição: Gilberto Gil / Dominguinhos

Por ser de lá
Do sertão, lá do cerrado
Lá do interior do mato
Da caatinga do roçado
Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigos
Eu quase que não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado.

Por ser de lá
Na certa por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo
Eu quase não falo
Eu quase não sei de nada
Sou como rês desgarrada
Nessa multidão boiada caminhando a esmo.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Meu filho Theo



Você ainda não tem uma semana no mundo, mas já foi capaz de fazer o mundo mudar por completo para mim.

Não sei bem como tentar traduzir em poucas linhas a profundidade do amor que me une a você.

A rigor, eu nem tenho essa pretensão inalcançável.

Gostaria apenas de lhe agradecer pela aula de vida que você vem me dando.

Nesses últimos meses, ficava pensando sobre a responsabilidade de ensiná-lo sobre as poucas coisas que julgo saber.

Bastou alguns momentos, contudo, para que tudo estivesse no seu devido lugar.

E aqui estou eu, na posição de aluno (babão, é verdade), vivendo e aprendendo com meu pequeno professor.

Aprendi que a aparência frágil, inocente e angelical que você carrega não é capaz de revelar a imensidão da sua força interior.

Sim, apesar de ainda miudinho e tão novo, você já nos mostrou o quanto é forte e determinado.

Essa tua garra me serve muito de lição, pode acreditar.

"De um lado, a necessidade de proteção total; do outro, um espírito de leão disposto a conquistar inúmeras vitórias".

Esse é o Theo, desde já um orgulho imensurável para o pai.

Estou disposto a continuar aprendendo diariamente com você, filho.

E me surpreendendo cada vez mais.

Obrigado.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

O campeão voltou!


Foi um chocolate. Daqueles clássicos, que a gente dificilmente vê ao vivo ou mesmo pela TV.

Os campeões do mundo e bicampeões europeus não viram o rastro da bola durante os 90 minutos que decidiram a Copa das Confederações 2013. Só deu Brasil, do início ao fim do jogo. 3 a 0 foi pouco diante de uma Espanha atônita, sem saber muito bem como os três anos de invencibilidade absoluta estavam se esvaindo tão de maneira tão acachapante.

Para uma Seleção Brasileira que entrou desacreditada na competição, sem a confiança da maior parte da torcida e principalmente da imprensa esportiva, esta Copa das Confederações terminou por mostrar ao mundo que o anfitrião do próximo Mundial será uma parada dura de ser batida sob os seus domínios.

Se o Brasil venceu no conjunto, muitas das peças lograram êxito pessoal. Das revelações Luiz Gustavo e Paulinho (este gigante) ao artilheiro absoluto Fred, passando pelas afirmações de Júlio César, Marcelo e David Luiz em suas respectivas posições, muitos ganharam. E o maior dos vencedores foi o camisa 10. Neymar sai do torneio ainda mais ídolo, decisivo e líder da Seleção, o que, por óbvio, multiplicará as expectativas que residirão sobre ele no ano que vem.

Há muito ainda a evoluir, não restam dúvidas. Por outro lado, a Seleção Brasileira de Futebol conseguiu dar ao seu torcedor a certeza de que tem hoje uma cara. A percepção sobre o time de Felipão mudou, e mudou para melhor. Como consequência, voltará naturalmente o respeito por parte dos principais adversários. Os campeões do mundo sentiram o peso ontem no Maracanã, diante de 80 mil intensos e empolgantes torcedores.

Então... Que venha 2014!

domingo, 2 de junho de 2013

Um domingo especial

Hoje foi um domingo especial pra mim.

Especial como há três anos os domingos (e sábados, quartas, quintas...) não vinham sendo.

Reencontrei hoje um velho parceiro de títulos históricos, goleadas tranquilas, vitórias sofridas e derrotas amargas.

É bem verdade que esse parceiro está bastante mudado - recauchutado é a palavra.

São corredores e bares recém construídos, banheiros reformados, cadeiras coloridas, iluminação e som impecáveis, dezenas de novas alas, salas, espaços...

O grande anel da arquibancada agora é único, indo do ponto mais alto até a beiradinha do campo, tão perto do gramado que o técnico olha diretamente pra você após um xingamento bem colocado.

Mas se a estrutura mudou, e muito, algumas sensações permanecem intactas.

Subir a rampa monumental cantando o amor ao time, por exemplo...

Há quanto tempo eu já não sabia o que era isso?

Foi ali, antes mesmo de me deparar com parte das surpresas desse novo estádio, que eu tive a certeza: embora inteiramente renovado, aquele dali ainda era, de fato, o bom e "velho" MARACANÃ que eu conheci de tantos e tantos momentos memoráveis.

Sim, o MARACA está de volta!

E depois de três anos de longa espera, posso dizer que os meus domingos inesquecíveis também voltaram.

Que bom revê-lo, gigante.


segunda-feira, 13 de maio de 2013

O novo do Daft Punk impressiona



Impressionante o novo disco do Daft Punk, Random Access Memories, disponibilizado na íntegra para audição via streaming nesta segunda-feira pelo iTunes e outros sites de compartilhamento. Coisa fina, rara, em se tratando de música eletrônica: nada das pré-definições sintéticas e dos bate-estacas acelerados que costumam povoar esse universo, quase sempre sem alma e personalidade. Trata-se dequele tipo de eletropop setentista com o tripé baixo / guitarra / bateria ditando os rumos, ainda que com a aura robótica que acompanha o duo francês desde sempre.

Diferentemente dos outros três álbuns, há agora uma intenção clara por parte do Daft Punk de se desvencilhar do vazio musical que domina da cena summer-eletrohits e partir para um som orgânico, tocado e não apenas programado. As participações de Nile Rodgers, Julian Casablancas e Pharrell Williams, entre outros, não deixam dúvidas disso. O clima vai na onda do vintage moderno, elegante todo o tempo, mesmo quando a pressão é maior – caso de “Get Lucky”, primeira música de trabalho. "The Game of Love", segundo míssil do álbum, talvez seja o melhor exemplo.

A partir deste dia 13 de maio, e até quando surgir (se surgir) algo fora da curva nos estertores de 2013, me arrisco a dizer que os franceses lançaram nas 13 faixas de Random Access Memories o melhor disco do ano em matéria pop music. Que os(as) militantes da área corram atrás.

Daft Punk - Random Access Memories

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Valerie Carter


A sigla é AOR: "Album Oriented Rock" ou ainda "Adult Oriented Rock". Acho a segunda definição melhor, por expressar com mais fidelidade este subgênero do rock e o que ele se propõe a ser: uma roupagem soft do ritmo, destinada ao consumo de um público pretensamente "maduro" que já não se deixa levar por qualquer tipo de barulho juvenil. Embora transite muitas vezes entre o sofisticado e o meloso, o que se convencionou chamar por AOR encontra raiz nas tradicionais arena rock bands, calcadas no tripé baixo-guitarra-bateria.

O termo apareceu para mim como a designação do som que eu sempre ouvi apenas nesta semana, por meio da reportagem de O Globo sobre o novo trabalho de Ed Motta, intitulado... AOR. O músico e multi-instrumentista carioca conta que se baseou neste tipo de som, característico do período entre a segunda metade dos anos 70 até a primeira metade dos 80, durante a fase de composição das suas novas canções. E cita nomes colados ao AOR Sound que estarão, implicitamente, em seu disco "AOR": Alessi Brothers, Michael McDonald, Toto, Doobie Brothers e especialmente Christopher Cross – segundo ele, fonte de inspiração desde garoto.

A matéria me instigou a voltar a ouvir uma série de nomes que sempre me foram familiares (ainda que, para mim, não eles estivessem reunidos sob o guarda-chuva da tal sigla). Eis que nesta volta às origens me deparei na internet com a figura lindamente intrigante de Valerie Carter. Seu nome, apesar de desconhecido em um primeiro momento, não me era estranho. Um rápido google acendeu a luz: ela é a voz feminina do dueto com Cross em "Spinning", faixa do espetacular disco que marcou a estreia do autor de "Sailing" no mercado fonográfico em 1980. "Ah, então é ela!", pensei. E mais nada. Resolvi correr atrás e acabei me deparando, via YouTube, com um disco simplesmente espetacular.

"Wild Child", de 1978, tem dez músicas é o segundo álbum da norte-americana. Ele revela, do início ao fim, uma cantora de intensidade peculiar, rara hoje em dia. Não propriamente hiperafinada, tecnicamente irretocável, mas com alma. Definição subjetiva e um tanto gasta para separar os acordes ultrafinos e os cantos de extensão exagerada, mas sem um pingo de emoção, das interpretações seguras de si, dotadas de recursos que vão muito além do exibicionismo vocal. Numa comparação rápida e direta: Valerie Carter está para Mariah Carey da mesma forma que Clara Nunes está para Marisa Monte.

O som de "Wild Child" é AOR puro, na veia e no coração. Belíssimos arranjos melódicos, uma ótima banda por trás, linhas de baixos fora do lugar comum, pequenas intervenções-solo de guitarras e saxofones e um tecido harmônico com teclados que definem o estilo. Tudo isso modulado por uma voz sem floreios ou berros insuportáveis. Valerie, de beleza desconcertante, está longe do perfil artístico das atuais divas, cujos clones mal fabricados lamentavelmente se alastram cada vez mais na música pop.

Apesar de estar falando no presente, a Valerie que acabei de descobrir e que tem me encantado dia e noite não existe mais, por óbvio. Trata-se da menina de 20 e poucos anos da segunda metade da década de 70, que gravou dois discos em sequência e que, a partir daí, passou a ter presença diminuta no showbiz, muito mais como backing vocal de diversos artistas consagrados do que com trabalhos próprios. "Wild Child" está fora de catálogo – o iTunes vende apenas o primeiro, "Just a Stone's Throw Away", de 1977 – mas encontra-se disponibilizado na íntegra no YouTube, em áudios de ótima qualidade.

Vale descobrir Valerie Carter, eleita por mim, desde já, a musa definitiva da história do AOR.


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Melodia para quem precisa

Com dois anos de atraso, escutei neste último final de semana o álbum mais recente de Christopher Cross, "Doctor Faith". Acho que a debilidade da produção musical dos dias atuais é, em boa parte, explicada pela simples ausência de músicos que consigam trabalhar minimamente bem com melodias. Esta habilidade, de difícil manuseio para a maioria, aparece naturalmente ao longo da obra deste californiano de San Antonio, como convém aos grandes compositores populares.

Este "novo" disco remete a uma época em que qualidade melódica, por assim dizer, era artigo comum e mandatório não só nas rádios FM e nas produções do mercado fonográfico em geral, mas também no competitivo e estreito cenário do showbiz. Hoje, como se sabe, os requisitos para o sucesso passam muitas vezes bem longe deste item.

Como cantor, o tempo fez bem a Cross: melhorou sua técnica, sempre limitada a uma voz anasalada, e intensificou o seu lado de intérprete delicado, correto e sem exageros. Na parte musical, seara na qual ele se coloca com mais presença, as canções deste trabalho trazem, com maior acentuação folk, as linhas melódicas bem construídas que sempre caracterizaram seus grandes hits.

Entres os bons exemplos estão "November" – cuja suavidade remete à "Think of Laura", do seu segundo disco – e "When You Come Home". Outro momento de destaque é "Still I Resist", juntamente com a faixa-título. Em "Doctor Faith", aliás, Cross retoma a parceria com o amigo Michael McDonald, seu fiador no início de carreira e parceiro nos vocais de "I Really Don't Know Anymore", segundo petardo do arrebatador e multipremiado álbum de 1980.

O som de Christopher Cross – refinado como conceito, leve na sua essência – deve ser saudado sob diversos motivos para os fãs mais chegados. Mesmo para os mais distantes, o trabalho deixa uma sensação de alívio para os ouvidos, em meio a tanto barulho propalado por aí nos dias atuais.

terça-feira, 19 de março de 2013

O grande (e certeiro) salto de Timberlake

Justin Timberlake apresenta em "The 20/20 Experience" um dos melhores álbuns de R&B lançados nos últimos anos. Mais que isso, o projeto que põe fim ao hiato de sete anos do agora cantor/ator no cenário da música representa um salto consideravelmente arriscado e grandioso na sua carreira. Justin abre mão dos hits curtos, pegajosos e radiofônicos que dominam o cenário pop desde a explosão de cantoras plastificadas, como Christina Aguilera, Jennifer Lopez e Beyoncé, e parte de peito aberto para uma obra coesa, conceitual e sofisticada, cujo segundo volume deverá sair ainda em 2013.

 
Amparado nos estúdios de gravação pelo parceiro-guru Timberland e nos palcos pela super banda The Tennessee Kids – ambos lhe dando o suporte necessário para a execução da sua verve apurada de showman – Timberlake performa, tanto no disco quanto nas apresentações ao vivo, a maturidade que o tempo longe da música parece lhe ter conferido. Algo necessário, já que nesses sete anos fenômenos teens como o xará Bieber surgiram fazendo (sem a mesma competência) muito do que Timberlake já fizera em trabalhos anteriores no N'Sync e na fase solo. Se era hora de voltar dando um passo adiante, ele demonstra estar dando vários, e largos.

O repertório de "20/20" traduz com fidelidade o lado pouco óbvio da volta desse Timberlake maduro à música, a começar pela duração das canções, entre seis e oito minutos em média. As faixas quase sempre condensam sutis intervenções pré-programadas aos arranjos elaborados dos Tennessee Kids, e isso fica claro no eletro-samba Let the Groove Get In. As baladas Pusher Love Girl e Spaceship Coupe moderam no açúcar e apostam na sensualidade fina dos falsetes bem aplicados por Timberlake.

A tônica do álbum, no entanto, está na corrente calcada no synthpop travestido de R&B vintage, tanto em viagens mais intensas como na ótima Tunnel Vision quanto na leve Strawberry Bubblegum – cujo frescor transita entre o Michael Jackson de "Off the Wall" e o Stevie Wonder de "Rocket Love". Os singles de entrada, Suit & Tie (com participação de Jay Z) e Mirrors, talvez sejam o lado mais palatável para o público pouco afeito a compreender a unidade de um disco-conceito, mas podem suscitar a curiosidade para o restante do trabalho.

Como afirmou precisamente o crítico Lucio Ribeiro, a coisa mais fácil e cômoda para Justin Timberlake, neste momento, seria retornar ao mundo da pop music fazendo algo na mesma linha do que ele já fez antes, com a certeza do sucesso confortável e garantido. Através de "20/20", entretanto, ele opta por depositar um capital artístico alto e corajoso no intuito de mudar o rumo da prosa e, por que não?, se jogar em um novo patamar, no qual paira uma constelação de estrelas do porte de Michael Jackson, Madonna e Prince.

"The 20/20 Experience", excelente do início ao fim, não deixa dúvidas de que Timberlake está na trajetória certeira para chegar lá. A música agradece.