quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A graça do jornalismo

Durante o programa CBN Rio de hoje, uma repórter noticiava o assassinato de um jovem por marginais que tentaram roubar, pela manhã, o carro que ele dirigia na cidade de Nova Iguaçu.
 
A repórter, lendo um breve texto, informou que um dos assaltantes havia deixado a carteira de documentos cair durante a ação criminosa, e que isso possivelmente facilitaria o trabalho da Polícia nas investigações.
 
Após o relato da repórter, o âncora do programa, Octávio Guedes, fez questão de confirmar com ela se o ladrão havia mesmo deixado a carteira de identidade cair no assalto, para logo depois soltar uma sonora gargalhada e dizer algo do tipo: "esse aí merece ser preso duas vezes, uma por ser criminoso e outra por ser burro! Hahahahahaha!!!". A outra apresentadora do programa, Lílian Ribeiro, gargalhava junto com Octávio.
 
Aí vieram os comerciais, e as vidas do Octávio, da Lílian e a minha seguiram em frente. Mas aquele momento sublime e sincero de intensa alegria não saiu da minha cabeça durante o dia.
 
Talvez porque as gargalhadas efusivas dos apresentadores do CBN Rio durante o programa, levando para a galhofa escancarada a história de quem morreu "atrapalhando o trânsito", traduzam a mais perfeita e fiel trilha sonora para a falência de princípios e de valores que atingiu em cheio essa minha profissão.
 
Vergonha é pouco para o que eu senti naquele momento por ser jornalista.

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