segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O "querer" Flamengo


Em quase todas as oportunidades, seja numa disputa de título, numa decisão de classificação ou mesmo numa partida de meio de tabela, o clássico Flamengo x Vasco se define pela demonstração do QUERER. Conquista, avança e vence aquele que QUER mais – e sob esse aspecto cabem inúmeras qualificações: gana, disposição, luta, intensidade, vibração, (às vezes) técnica... O "querer mais do que o outro" se traduz no combustível que move um rival a superar o outro mesmo sem ter, na prática, o melhor time ou os melhores jogadores. No livro escrito por esses dois gigantes desde 1922, ganha quase sempre quem QUER mais, não simplesmente quem "pode" mais.

E o que isso tem a ver com o atual momento? Obviamente tudo. O que assistimos quarta-feira passada na primeira partida foi um Vasco caçando cada jogador do Flamengo como um grande dever ancestral, uma espécie de "imposição de honra". O jogo foi tecnicamente um ruim, pobre? Muito, mas a missão cruzmaltina foi cumprida. Não houve um pingo de dúvidas para qualquer um que esteve no Maracanã ou que viu pela televisão: o Vasco quis muito, muito mais aquela vitória do que o Flamengo. Já havia sido assim na fase decisiva do Campeonato Estadual. Nas duas ocasiões, quis e conseguiu.

O que ficou para o Flamengo após mais uma derrota no ano frente a seu arquirrival, como um fato incontornável, foi a total ausência da mítica ALMA RUBRO-NEGRA no primeiro confronto. Um time sem pulsação, frio (no pior dos sentidos), desconectado com a intensidade do adversário e com a importância da competição para o clube. Parecia que o Maracanã havia sido transportado do Rio de Janeiro para a Sibéria, onde descansam os restos mortais daquele famoso ex-deputado.

São inúmeras as vitórias épicas do Flamengo no Maracanã, tanto em decisões memoráveis quanto em jogos menores e já esquecidos pela maioria. Em todas elas o Flamengo foi, durante a maior parte do tempo, detentor absoluto desse "querer mais". A imagem daquele Mengão avassalador, que entope o Maracanã de gente e pressiona o adversário, surgiu antes de tudo da tão propalada RAÇA RUBRO-NEGRA – me refiro não à torcida organizada, mas àquilo que marca os esquadrões vermelho e preto. "QUEREMOS RAÇA! QUEREMOS RAÇA!", gritamos todos em algum momento das nossas vidas nas arquibancadas, cadeiras ou na geral. Não era um pedido, era uma exigência.

É nesse contexto que quarta-feira agora, mais do que qualquer outra coisa, o Flamengo terá que se vestir de raça da chuteira à camisa se quiser bater o seu oponente histórico e passar às quartas-de-final da Copa do Brasil. A raça do correr mais que eles, de dar o carrinho certeiro e salvador, de pressionar em cima, dos chutes de dentro e fora da área, dos gols necessários. Se os 11 rubro-negros que entrarem em campo incorporarem o ESPÍRITO DE FLAMENGO, aquele que nenhuma outra agremiação tem igual e que tanta inveja causa Brasil à fora, nós vamos avançar. Mas o time e a torcida têm que querer, e querer muito mais do que o lado de lá.

Fica o desafio.

SRN