sexta-feira, 29 de abril de 2016

Paulo Batista Machado (1949-2016)



Filósofo, teólogo, padre, escritor, poeta, professor, mestre, doutor, PhD, político, educador... O lado profissional e a dedicação à vida pública de Paulo Batista Machado levariam muito tempo de pesquisa para ser devidamente exaltados com justiça e abrangência, dada a extensão de um currículo impecável, admirável, sem uma mancha qualquer que pudesse levantar questionamentos em relação a sua capacidade e retidão de caráter.

O reconhecimento de seus pares e de seus conterrâneos saberá louvar, com o devido tempo e com as justas honrarias, esse rico capítulo da enorme biografia de Paulo.

Quero aqui, em meio a este momento de dor, me ater à outra face do meu querido tio e padrinho Paulo Machado. Faço questão de registrar a importância, para mim, de tê-lo como referencial maior no campo do saber intelectual e da dedicação ao conhecimento. Sempre, desde muito pequeno, vi na figura de meu tio Paulo uma fonte de inteligência e de bom senso, características que o colocavam de forma natural como uma espécie de mediador da família.

Paulo, mais do que tudo isso e do que tantas outras coisas, viveu uma vida nobre sendo um homem bom, andando no caminho do bem e praticando generosidade e altruísmo. Não consigo imaginar maior legado que alguém possa deixar para os seus e para sua comunidade. Um privilégio para todos aqueles que puderam conviver e aprender com ele.

Natural de Itabuna (BA), meu querido tio Paulo partiu de Salvador nesta sexta-feira, aos 67 anos, rumo a um plano superior. O sepultamento ocorrerá na sua amada Senhor do Bonfim, da qual tinha orgulho de ter sido morador e prefeito.

Seus vastos e valorosos ensinamentos seguirão para sempre comigo, meu tio. Muito obrigado.

terça-feira, 19 de abril de 2016

As 10 mais do Rei que não são da dupla Roberto & Erasmo


No aniversário do Rei, 10 músicas espetaculares do seu repertório, gravadas originalmente por ele, mas que não são de autoria da dupla "Roberto & Erasmo":

  • Não Vou Ficar (Tim Maia) | 1969
  • Como Dois e Dois (Caetano Veloso) | 1971
  • Como Vai Você (Antônio Marcos) | 1972
  • Outra Vez (Isolda) | 1977
  • Pra Ser Só Minha Mulher (Ronnie Von / Tony Osanah) | 1977
  • Vivendo Por Viver (Márcio Greyk) | 1978
  • Força Estranha (Caetano Veloso) | 1978
  • A Ilha (Djavan) | 1980
  • Eu e Ela (Mauro Motta / Lincoln Olivetti / Robson Jorge) | 1984
  • Amor Perfeito (Michael Sullivan / Paulo Massadas / Lincoln Olivetti / Robson Jorge) | 1986

#RobertoCarlos75

segunda-feira, 18 de abril de 2016

O discurso histórico de Darcy: por que Glauber chorava?

Contra a exaltação insana e covarde da memória de um matador oficial do Estado por parte de um deputado que prefiro omitir o nome imundo, em pleno plenário de Congresso Nacional (o que configura um crime tipificado em lei), relembro aqui o discurso histórico de mestre Darcy Ribeiro durante o enterro do cineasta Glauber Rocha, em agosto de 1981.

As palavras do antropólogo, uma das mentes mais brilhantes e generosas em favor da melhoria do povo brasileiro, valem para um Brasil que desgraçadamente ainda está aí e que se apresentou ontem de cara lavada, em horário nobre.

Triste.

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"Uma vez, e eu não vou esquecer nunca, Glauber passou uma manhã abraçado comigo e chorando.

Chorando, chorando convulsivamente.

Eu custei a entender – ninguém entedia – que Glauber chorava a dor que nós devíamos chorar. A dor de todos os brasileiros.

O Glauber chorava as crianças com fome.

O Glauber chorava esse país que não deu certo.

O Glauber chorava a brutalidade.

O Glauber chorava a estupidez.

A mediocridade.

A tortura.

Ele não suportava. Chorava, chorava, chorava.

Os filmes do Glauber são isso. É um lamento, é um grito, é um berro.

Essa é a herança que fica de Glauber.

Fica de Glauber pra nós a herança de sua indignação.

Ele foi o mais indignado de nós. Indignado com o mundo tal qual é.

Assim"

(Darcy Ribeiro)

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Veja o discurso histórico de Darcy Ribeiro clicando aqui.

domingo, 17 de abril de 2016

Dia D, de derrota

Na decisão do "Fla-Flu da Insanidade", sigo de fora desse jogo.

Não assisti a nada disso que estão comentando e lamentando desde cedo. Não preciso ver as imagens para saber dos risos canalhas e dos discursos hipócritas de um bando de larápios com imunidade parlamentar, tudo em horário nobre para um Brasil de audiência. O circo já estava armado há muito tempo, esperando apenas pelo grande picadeiro midiático. Recusei humildemente o papel de palhaço da vez e preferi não dar moral para esse tipo de espetáculo deprimente, que só expõe a indigência de ideias e de caráter da qual é feita a política brasileira.

Tenho certeza que não há inocentes nessa brochura triste da nossa história, mas sei também que não há vencedores numa situação de fragilidade institucional como a que vivemos atualmente - e amigo(a), se você se vê como um vitorioso hoje, eu lamento muito pela sua inocência juvenil. O simples fato de saber que a condução desse processo coube a um corrupto histórico, comprovado, réu em quase uma dezena de processos na mais alta corte do país, mas que ainda assim permanece sentado na cadeira onde está, só isso, ao meu ver, já põe uma pá de cal na credibilidade desse rito.

Estou profundamente entristecido por tudo o que está acontecendo e ainda vai acontecer - e falta muita água pra rolar -, mas se eu tiver que lidar com toda essa situação, que não seja batendo palma para malucos e safados dançarem dentro da minha sala.

O lance é seguir em frente com a dignidade em alta, mesmo mergulhados num lamaçal podre com pilantras de todas as cores e credos te dando ordens e te dizendo o que é certo ou errado (melhor isso que ser surdo).

Continuar lutando e fazendo a nossa parte contra tudo o que há de ruim por aí: é o que nos resta.