quarta-feira, 29 de julho de 2009

Quero morrer pretis se eu tiver mentindis!

"Casa, comida, roupa lavada, três milhão por mês fora o bafo no cangote. Vai ou fiquis?".

Sambista, tocador de reco-reco, agitador de pagode e um dos mais engraçados personagens da comédia brasileira, Mussum, o eterno Mumu da Mangueiris, é uma daquelas figuras que transcendem ao tempo. Meu sobrinho de seis anos, ao ver pela primeira vez suas pirulitadas no DVD dos Trapalhões que comprei recentemente, falava dele no dia seguinte como se fosse uma criança no início dos anos 80, quando estar diante da televisão aos domingos a partir das sete da noite era programa obrigatório pra todo mundo.

O humor do Mussum é de uma linhagem nobre, assinada embaixo por outros gênios como Oscarito e Grande Otelo. Caricato nos trejeitos e no gingado, representa aquele canastrão desastrado que procura um jeito de sair das enrascadas em que ele mesmo se coloca. A graça que deriva dessas situações não morre nunca. Qualquer um que viveu aquela época e que assiste hoje os esquetes dos bons tempos dos Trapalhões fica com uma sensação imediata de "eu era feliz e sabia!".

Ao lado do cearense talhado que sempre procura se dar bem, do mineirinho come-quieto infantil e do paulista que se ferra quando tenta armar pra cima dos outros, o carioca do morro metido a malandro, mas cheio de suingue, fez uma geração inteira de seguidores durante quase 20 anos de horário nobre, o que ajudava também a alavancar as grandes bilheterias do cinema nacional pré-crise. O tema de abertura da orquestra de Zé Menezes, combinada com a vinheta animada, era a senha para algo que as crianças regadas ao Nicks e Cartoons de hoje jamais verão nas TVs a cabo. Talvez aí resida a explicação para a audiência histórica, constante e elevada das infindáveis reprises da dupla Chaves e Chapolin no SBT.

No dia dedicado ao grande Mussum, um dos patronos deste humilde repositório virtual de idéias rasas, proponho um brinde à boa nostalgia, que nos dá orgulho de ter vivido coisas que o tempo jamais apagará da lembrança.

Bota esse mé no copo e vamo bebê, cacildis!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Nem Freud explica

Notável a exposição de fatos elencada pelo ombudsman da Folha de S. Paulo no artigo abaixo, que trata da injustificável (embora até explicável) puxação de saco editorial e pública em favor do Ronaldo Fenômeno. Se por um lado mostra uma face oba-oba de quinta categoria da imprensa que tanto se vangloria de empunhar o bastião da imparcialidade na busca pela clareza da informação, duela a quien duela, o texto do jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva deixa uma questão em aberto: a postura "chupa-mas-não-baba" da Folha tem alcance apenas no campo de jogo ou vai além das quatro linhas, fazendo com que a atuação do Gordo na agitada noite paulistana passe ao largo dos olhos sempre tão atentos da redação dos Frias?

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Nem Freud explica

Carlos Eduardo Lins da Silva

A obsessão deste jornal com o jogador Ronaldo desafia qualquer psiquiatra. Já faz mais de sete meses que ele está no Corinthians e a Folha continua a tratar esse acontecimento como se fosse algo comparável à descoberta da cura do câncer ou a chegada do homem à Lua.

No domingo, além da manchete da página D3 para declará-lo “altruísta” por dar passes para colegas fazerem gols, ainda há uma retranca para informar que à tarde ele jogaria pela primeira vez contra o goleiro Marcos. Não bastaram todas as primeiras vezes (jogo, jogo em São Paulo, gol, jogo no Maracanã, jogo em Minas, jogo contra o Cruzeiro, pênalti). É uma coisa realmente de louco.

Na segunda, lá está ele de novo na capa do jornal. A grande notícia é que ele machucou a mão. Pode-se antever o carnaval que agora será feito com a mão esquerda de Ronaldo.

À compulsão por Ronaldo soma-se a mania que o jornal tem de valorizar demais séries e coincidências históricas e estatísticas. Não faz nenhum sentido o título “Estádio do primeiro gol agora pune Fenômeno”, na página D2. Como “estádio pune?”. Foi por causa do estádio que Ronaldo machucou a mão? E que relação pode haver entre o primeiro gol e a suspeita de fratura na mão?

E a coisa não se limita a Ronaldo. A manchete da página é “Obina decreta o pior revés rival em clássico com Mano” diz ela na edição nacional. Na edição SP a construção é menos tortuosa e um pouco mais compreensível, mas a intenção é a mesma: enfatizar que este foi o pior resultado de Mano Menezes como técnico do Corinthians em clássicos.

Mas que importância tem isso? Se o resultado tivesse sido 2 a 0, qual teria sido a diferença? O lide do texto da manchete destaca outra singularidade que não tem a menor importância objetiva: “A cidade que viu o primeiro gol de Ronaldo com a camisa do Corinthians testemunhou ontem a consagração de Obina.” E daí que foi em Prudente que Ronaldo fez seu primeiro gol e Obina fez três?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Meu mundo caiu

Não há palavras que consigam sintetizar o impacto de determinados fatos para os povos e suas culturas. Por mais complexa e difusa que seja a teia intercomunicante entre as sociedades heterodoxas mundo afora, a chegada de certas notícias implode a possibilidade de uma absorção comum e corriqueira por parte dos meios, de tal modo que um espectro até então desconhecido transfigura-se de imediato numa catarse coletiva, que se faz presente a todos os seres, nos cantos e recantos mais ermos do planeta.

Se me refiro à perda do Rei do Pop, Michael Jackson? Não, é algo anos-luz mais profundo. Preparem-se, porque...

Terra - Após 10 anos de parceria, dupla Serginho e Lacraia chega ao fim

Meus comprimidos, onde estão meus comprimidos!