sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Jayme de Almeida


O título da Copa do Brasil 2013 conquistado brilhantemente pelo Flamengo fez justiça a um personagem necessário ao futebol brasileiro. Jayme de Almeida, ex-jogador e funcionário do clube há alguns anos, transparece a imagem de um monge budista, um pároco interiorano, um sábio acadêmico. Fala mansa, ideias claras, pensamento linear, modo simples e objetivo de ver as coisas. Características raras hoje em dia, em se tratando de um "mercado" onde coabitam professores de linguajar pseudo-empolado e posudos metidos a PhDs, todos detentores de cifras indecentes.

Jayme esperou pacientemente alguns (muitos) anos pela oportunidade de se firmar como técnico do seu clube de coração. Curiosamente, a chance veio como um desafio equivalente à dimensão gigante do Flamengo: em meio a um campeonato claudicante para o rubro-negro da Gávea, no qual a alternância de vitórias magras e derrotas amargas fez Mano Menezes – contratado como estrela da companhia – pedir o boné. Jayme foi efetivado às pressas, com a missão de livrar o clube de um inédito rebaixamento e de tocar a Copa do Brasil na base do "até onde der".

E deu!

Não há dúvida de que os méritos do terceiro título flamenguista na segunda competição mais importante do futebol brasileiro residem, em grande medida, na capacidade admirável que Jayme teve em transformar um grupo perdido do ponto de vista técnico numa equipe coesa, com peças fixas e ciente das suas limitações, mas principalmente revigorada em termos de dedicação. Jogadores como Paulinho, Hernane Brocador, Amaral Pitbull, Wallace, Chicão, Elias e Luiz Antônio, entre outros, transfiguraram-se de coadjuvantes a destaques num time em ascensão. E as vitórias vieram, vieram, vieram...

Jayme é mais um personagem na já longa lista de técnicos campeões que o Flamengo forma em casa. Se junta, portanto, a Zagallo, Claudio Coutinho, Paulo César Carpegiani, Carlinhos, Andrade... Todos conhecedores das coisas do Flamengo, de como funciona o efervescente caldeirão político da Gávea, todos talhados na intensidade de conviver junto à maior torcida do Brasil. Jayme, nesse 2013 que se encerra, pareceu tirar o peso de letra. Não só eliminou o risco de descenso com vitórias convincentes como amealhou um título improvável de início, mas merecidíssimo no seu apogeu.

A Jayme de Almeida, rubro-negro de corpo, alma e coração, os meus sinceros agradecimentos. E que o caminho das vitórias continue sendo trilhado no mesmo ritmo de serenidade que o levou à conquista da Copa do Brasil. É o que todos os flamenguistas esperamos.

Saudações Rubro-Negras