sábado, 17 de novembro de 2018

Um ano


365 dias, algumas horas, muitos minutos, tantos e tantos segundos...

No dia 17 de novembro de 2017, um novo capítulo se abriu no meu livro. Tudo o que se fala sobre “rito de passagem”, “divisor de águas”... Foi o que se passou comigo em um consultório ortopédico naquela sexta-feira ensolarada, quando entrei levando uma ressonância de uma possível inflamação no menisco e saí com o diagnóstico de uma lesão tumoral. Atrás do receituário, duas linhas curtas: “Oncologistas Associados / (21) xxxx-xxxx”.

Um aperto de mão um tanto sem jeito do médico e um recado: “ligue agora e marque com urgência já para segunda-feira, depois me dê notícias”. E aí você fecha a porta da ante-sala, se põe estático no meio de um corredor de escritórios escuro e enorme e se dá conta que toda a sua vida vivida até 15 minutos atrás já não existe mais como era antes. Surgem o pavor, o medo, os fantasmas e as lágrimas, muitas lágrimas. Dali pra frente era a certeza de que uma nova fase estava começando, sob um clima nebuloso de várias incertezas. Cadê o chão que estava aqui?

O que se passou nas semanas seguintes foi um filme de terror diário e silencioso, misturando negação da realidade, auto-negligência e um corte brusco em qualquer tipo de perspectiva a curto prazo. Planos? Como? Para que? Até quando?

Curiosamente, esse clima nefasto começou a virar justamente numa sexta-feira de carnaval, data que ao longo da vida me proporcionou incontáveis alegrias e celebrações. Neste ano, porém, ao dar entrada no hospital para internação já de posse do diagnóstico preciso – e padecendo dos sintomas da doença –, era o sentimento de esperança que dava as caras pela primeira vez desde que tudo começou. Finalmente estava começando o meu tratamento.

A partir daí a cabeça muda o rumo da prosa, o espírito se regenera de fé e encorajamento e as coisas começam a acontecer. O milagre do poder da crença se fez presente ao longo dos meses de tratamento intensivo que se seguiram, incluindo seis ciclos de quimioterapia com internações de uma semana cada – um total de 576 horas de bolsa vermelha na veia! – e, posteriormente, um mês de radioterapia. Pesado, né? Sem dúvida, mas a força positiva do lado de cá foi maior, muito maior.

Amparado pelas pessoas fundamentais da vida durante toda a jornada, além de escoltado por um Deus amigo e misericordioso, a gente acaba descobrindo forças (físicas e principalmente mentais) que jamais imaginou ser capaz de ter. Esse é um dos muitos legados que ficam: saímos não apenas mais cascudos de um processo como esse, mas mais conhecedores de nós mesmos. Existe hoje um Oldon no mundo que em muitos aspectos eu mesmo não reconheceria tempos atrás. Muito mais corajoso, muito menos apegado a coisas, bastante renovado espiritualmente.

Uma semana depois daquela consulta ao ortopedia, que hoje faz um ano, eu vim ao Santuário de Aparecida pela primeira vez para clamar por ajuda, pela maior de todas as graças que me pudesse ser concedida. Vim em silêncio, sem avisar a ninguém sobre o que já se passava na minha vida. Pois hoje eu volto fundamentalmente para agradecer, por tudo. Pelo livramento, pelas oportunidades concedidas, pela fé inabalável que me move desde que me entendo por gente, pela família abençoada que me dá suporte e apoio em todos os momentos, pelo Deus bom e generoso que em mim habita.

Agradecer. Apenas agradecer, hoje e sempre.

E vida que segue!

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Agradeço a Deus, à Virgem Maria, à Nossa Senhora Aparecida, ao meu Santo Expedito.

À minha amada mãe Maria José, à minha esposa Priscilla, ao meu filho Theo, à minha irmã Polyanna, aos meus sobrinhos Lucas e Valentina, à minha sogra Mary, aos meus familiares, aos meus amigos e às minhas amigas.

Em memória de meu pai Agnaldo e de meu sogro Célio.

Amém

🙏🏼❤️🙌🏼

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