R$ 350 mil é quanto a prefeitura do Rio vai pagar por 1h20 de show do Latino no reveillon de Copacabana.
Vire o ano com essa informação e curta bastante 2012.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
1981: a viagem rubro-negra em 140 caracteres
"Oh, meu Mengão, eu gosto de você...". Não paro de cantar essa música. A cidade não para de cantar essa música.
É assim sempre que o Flamengo é campeão, ainda mais em cima do arquirrival Vasco e especialmente às vésperas de uma inédita decisão Mundial. Estamos acreditando, mas sabemos da dificuldade que será enfrentar o Liverpool, campeão europeu com banca de melhor do mundo. Eu cá confio que o nosso esquadrão rubro-negro, com Zicão e companhia (Leandro, Tita, Adílio, Júnior, Mozer, Nunes, Andrade...), vá calar os ingleses em Tóquio. É muita emoção, amigo. É muita alegria!
Não, eu não surtei. Pelo menos ainda não.
Explico: há coisa de duas ou três semanas, eu descobri no Twitter, meio por acaso, uma daquelas sacações que faz você pensar "como ninguém fez isso antes!". A partir de uma ideia simples, mas muito bem executada e extremamente sedutora, o perfil @RealTimeFla81 leva o seu seguidor, em tempo real, ao dia a dia das últimas semanas daquele mítico ano de 1981, do qual todos os flamenguistas, nascidos há época ou não, conhecem de cor e salteado.
Não se trata apenas de alguém, com olhos de hoje, contando tudo aquilo que aconteceu exatamente trinta anos atrás. É mais e melhor que isso.
Com incrível riqueza de detalhes e uma precisão histórica capaz de impressionar qualquer pesquisador, pormenorizando fatos e acontecimentos que talvez até na época tenham passado desapercebidos, a pessoa (ou equipe) responsável pelo espaço no microblog permite ao torcedor rubro-negro se transportar de alma e sentimento para aqueles dias. Dias em que o mundo confirmaria o que todos aqui já sabíamos de Maracanã cheio: o melhor time de futebol do planeta Terra era brasileiro, carioca e residia na Gávea.
Pela leitura sensorial dos posts, me dei conta que tivemos um lindo domingo neste 6 de dezembro de 1981 no Rio de Janeiro. Ensolarado, praias lotadas, tipicamente carioca. Dia de final no Maracanã com mais de 170 mil pessoas. Dia de Flamengo x Vasco decidindo um Campeonato Estadual que, às véspera de uma final de Mundial de Clubes, poderia valer pouco para os flamenguistas. Mas onde que um Flamengo x Vasco decisivo vale pouco?
Com gols de Adílio e Nunes (golaço, por cobertura!), ganhamos de 2 a 1 a terceira e derradeira partida das finais. Levantamos pela 21ª vez a taça de melhor do Rio – o terceiro título seguindo sobre os cruzmaltinos.
Agora é pensar na longa viagem, em evitar maiores desgastes e na preparação curta que teremos pela frente até o grande dia 13 de dezembro de 1981. O dia em que o Flamengo, empurrado pelo apoio milhares de japoneses e de milhões de brasileiros que estarão insones na próxima madrugada de sábado para domingo, há de ser consagrar, na bola, o melhor time do mundo.
Quem viu, viu. Quem não viu, que siga o @RealTimeFla81 para saber como termina essa história.
Saudações Rubro-Negras
sábado, 19 de novembro de 2011
Porque inserir a discussão sobre Belo Monte no contexto energético brasileiro
O texto anterior, feito a reboque da divulgação do vídeo em que estrelas globais se pautaram em argumentos falsos e ardilosos para detonar a usina hidrelétrica de Belo Monte, me deixou surpreso e feliz. Surpreso por ter proporcionado uma boa discussão em torno do assunto nas redes sociais. Feliz por conseguir chamar a atenção de pessoas até então alheias a um tema de tamanha importância. Trabalho como jornalista especializado no setor de energia há 11 anos, tempo suficiente que me permite dar um breve pitaco sobre alguns fatos que cercam esse assunto.
1 - O Brasil é dono da matriz energética mais limpa DE TODO O PLANETA, 46% dela composta por fontes energéticas de origem renovável. A participação média das renováveis nos países-membros da OCDE (a grande maioria desenvolvidos) é de 13%, caindo para apenas 6% em nível mundial. Embora pouco lembrada, essa é uma vantagem competitiva da qual temos muito que nos orgulhar;
2 - Talvez a grande contribuição para que tenhamos essa larga margem de fontes renováveis na nossa matriz venha da fonte hidráulica – em outras palavras, da geração hidrelétrica. O vídeo global, entre tantos absurdos, traz a desinformação para uma população leiga no assunto de que a hidreletricidade não é uma fonte limpa. Como? NADA MAIS MENTIROSO! A energia hidrelétrica é sim limpa (apresenta baixíssima quantidade de emissões de gases causadores do efeito estufa), barata (na verdade, é a forma mais barata de gerar eletricidade que existe no país) e conta largo domínio tecnológico por parte da indústria nacional;
3 - Além de todas essas vantagens, a hidreletricidade apresenta um amplo espaço a ser explorado no país. O potencial hidrelétrico total do Brasil é de cerca de 260.000 MW, sendo que apenas 1/3 desse montante foi efetivamente utilizado. Grande parte (quase a totalidade) dos 2/3 restantes se encontra na Região Norte do país. E aqui vale dizer: ISTO NÃO SIGNIFICA QUE O BRASIL VÁ EXPLORAR TODO O SEU PORTENCIAL HIDRELÉTRICO! Em virtude de premissas pautadas no respeito à preservação ao meio ambiente, apenas uma fatia desses 2/3 restantes será utilizada pelo Brasil, mesmo que isso represente, na prática, o abandono de uma fonte energética tão competitiva;
4 - O BRASIL É UMA POTÊNCIA ENERGÉTICA MUNDIAL. Além da hidreletricidade, nosso país conta com um vasto campo para exploração de fontes limpas e/ou renováveis. Eólica, etanol, biomassa da cana-de-açúcar, solar, biodiesel... A grande vedete do momento, na área elétrica, é a energia eólica. Estima-se atualmente que o potencial nacional de geração de eletricidade através dos ventos ultrapasse os 300.000 MW, tomando como base torres de 100 metros de altura. Para se ter uma ideia, hoje a totalidade do parque instalado no setor elétrico brasileiro (considerando TODAS as fontes) é de 115.000 MW;
5 - E o que o Brasil está fazendo na área eólica? Até 2005, tínhamos apenas 25 MW instalados em usinas deste tipo. A partir da criação de um programa de contratação baseado em leilões públicos, organizados pelo governo, o país tem apresentado uma forte expansão da geração dos ventos, acima de todas as expectativas e projeções. Deveremos chegar em 2014 com cerca de 7.500 MW eólicos instalados no país. No próximo dia 20 de dezembro será realizado um novo leilão (o terceiro em 2011) para contratar energia, incluindo eólica. Outro leilão já está marcado para março de 2012;
6 - Acontece que apesar de limpa, ambientalmente amigável e com um vasto potencial a ser explorado, há uma característica técnica que faz da geração eólica apenas uma complementação para o sistema elétrico brasileiro: a ocorrência plena de ventos nos parques eólicos é de aproximadamente 30% ao longo ao ano, impedindo que ela seja considerada uma energia de base. Você toparia ter energia durante apenas 30% do ano na sua casa? É por isso que a existe a necessidade de o país adotar um "mix energético" composto por fontes complementares (caso da eólica e da solar, que será explorado em pouco tempo) e de base (como é o caso das hidrelétricas e da nuclear, esta também uma fonte sem emissão de gases poluentes);
7 - A questão do preço é outro fator que não pode ser deixado de lado. Para se ter noção, a energia eólica foi negociada no leilão público deste ano a um custo médio pouco abaixo de R$ 100 o MWh – valor muito inferior ao que ela custava pouco tempo antes. A usina hidrelétrica de Teles Pires, no Mato Grosso, leiloada pelo governo no final do ano passado, foi vendida a um custo de R$ 58 o MWh. Ou seja, quase metade do preço médio da eólica. Isso talvez dê a dimensão do grau de COMPETITIVIDADE ECONÔMICA QUE A ENERGIA HIDRELÉTRICA POSSUI se comparada a outros tipos;
8 - E Belo Monte, onde entra nisso tudo? Bem, a hidrelétrica de Belo Monte se insere diretamente no conjunto de vantagens que o nosso país possui no setor energético. Agregar 4.500 MW médios a partir de uma geração limpa, a custo barato e socioambientalmente sustentável é algo que poucos países do mundo podem dispor. A usina de Belo Monte, além de não alagar quaisquer terras indígenas no seu entorno, terá um reservatório com área muito inferior ao que era previsto no projeto original: 516 km², contra os 1.225 km² previstos inicialmente. BELO MONTE SERÁ AINDA A ÚNICA USINA A SER VIABILIZADA NA BACIA DO RIO XINGU;
9 - Um conjunto completo de informações sobre o projeto de Belo Monte, em dois textos de fácil compreensão e com linguagem acessível a todos, pode ser encontrado no site da Empresa de Pesquisa Energética – EPE, através do link http://bit.ly/v5iEPh;
10 - A discussão em torno de Belo Monte deveria, a meu ver, englobar não apenas o projeto em si, mas os rumos que o país precisa trilhar para garantir às futuras gerações o amplo acesso ao desenvolvimento econômico, social e ambiental que se vislumbra. O setor energético e a geração de energia elétrica são pilares básicos para essas conquistas, desde que utilizando de forma responsável todos os RECURSOS NATURAIS dos quais dispomos. O manancial energético do Brasil tem na hidreletricidade um ativo de inegável valor, e em Belo Monte, particularmente, um projeto emblemático, sustentável e estratégico.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Belo Monte: quando o conteúdo vale menos que a panfletagem
O vídeo lançado no último 16 de novembro contra a usina de Belo Monte, estrelado por atores e atrizes de TV, teatro e cinema, levantou em mim duas grandes inquietações, uma de impacto direto e outra num campo mais subjetivo. O desconforto óbvio passa, evidentemente, pela enorme quantidade de informações mentirosas defendidas a base de interpretações apelativas e melodramáticas. Desempenho típico dos folhetins que muitos daqueles artistas estão acostumados a interpretar nas novelas ou nas peças – financiadas, em grande escala, a dinheiro público oriundo de impostos. Dinheiro meu e seu.
Não há ali preocupação alguma em apresentar alternativas sustentáveis do ponto de vista técnico, social, ambiental e econômico ao projeto. Vale apenas distorcer dados, conceitos e fatos históricos, tudo com o olhar da mocinha indefesa acuada pelo vilão. O resultado seria risível, não tivesse um efeito arrebatador aos olhos leigos da massa encantada com as estrelas. "Vamos lá, assina vai...", suplica a linda atriz. Quem não atenderia a um pedido desses? Noutro frame, o galã humorista, provavelmente sem saber diferenciar um megawatt de um megahertz, lhe intima a "fazer a sua parte". Lendo mais? Pesquisando? Conversando com especialistas? Não, somente replicando o palavrório pela internet. Simples, como convém.
É daí que vem o outro fato curioso que me chamou atenção tão logo o vídeo ganhou o mundo após ser publicado: a falta, por parte do público, de um pensamento formado sobre o que se está falando. A enorme repercussão que o trabalho – muito bem produzido, registre-se – obteve nas plataformas virtuais, tanto em sites de notícias e blogs quanto nas redes sociais, evidenciou a completa ausência de conteúdo crítico nas manifestações "conscientizadas" dos internautas. Jovens, até bem intencionados em sua grande maioria, escondiam por trás da indignação frente ao "monstro da floresta" ignorância pura, travestida muitas vezes da auto-suficiência típica da geração twitter.
Para um tema de tamanha complexidade como é o da energia, cuja compreensão sobre determinada questão exige a busca por informações técnicas geradas por fontes minimamente ligadas ao assunto, a reação imediata da maioria dos e-spectadores do vídeo foi a de absorver a expressão enfática do ator ou a convocação doce da atriz sem qualquer contestação. Revelou-se ali que importa muito pouco (ou nada) se a base do conteúdo e quem o sustenta são confiáveis ou não. Importante, nesse caso, foi apenas replicar e se vender como "mais um nessa corrente". Fazer-se notar como um agente repassador voraz e obstinado, uma espécie de panfleteiro virtual que só de ouvir falar já se vê capaz de levantar um protesto "contra tudo que está aí". Mas e o conteúdo?
Apenas para registrar um pouco da história: a discussão em torno da usina hidrelétrica de Belo Monte remonta o ano de 1980, quando foram finalizados os primeiros estudos de inventário da bacia do rio Xingu. À época, o plano de aproveitamento hidrelétrico da região era composto por duas usinas: a de Kararaô, com 11 mil MW de capacidade; e a de Babaquara, com 6,6 mil MW. Juntos, os empreendimentos trariam um impacto socioambiental que resultava em 18 mil km² de área alagada atingindo sete mil índios e 12 terras indígenas. São mais de 30 anos, período que o país estabeleceu sua redemocratização. Após várias alterações exigidas por órgãos ambientais e representantes da sociedade civil, o projeto atual de Belo Monte prevê uma área alagada de 516 km², sem que nenhuma das atuais 10 terras indígenas localizadas na região seja afetada.
A controvérsia quanto à existência da usina motivou, durante todos esses anos, defesas apaixonadas de lados contrários e favoráveis à sua construção, levando até mesmo a atos inaceitáveis de violência física, como os que fizeram sangrar um engenheiro da Eletrobras há poucos anos durante debate público com a presença de índios armados. Apesar disso, ambos os lados sempre se pautaram pela argumentação técnica e embasada para defender seus pontos de vista, ainda que essas argumentações partissem de premissas diferentes. Algo que essa nova geração, alimentada nas relações virtuais de até 140 caracteres, parece desconhecer. Ir além do copia-e-cola torna-se necessário quando o que está no centro de um debate é algo mais relevante do que a cor da calça da banda de rock do momento.
Eu torço para que ao menos um mérito o vídeo dos "artistas engajados" possa ter: o de fazer as pessoas saírem do conforto da discussão online rápida e rasteira e partirem para as pesquisas aprofundadas sobre o que de fato se passa no cenário energético do Brasil e do mundo. É daí que se espera que saiam as propostas cabíveis para expandir o setor elétrico brasileiro, material esse que os artistas não apresentaram e nem vão apresentar. Essa atitude, de se voltar para a busca do conhecimento, revelaria não só um ganho para a democracia, mas também um movimento inverso ao que se vê nos dias de hoje, quando não se sabe – tampouco faz diferença saber – pelo que ou por quem se está brigando. Basta apenas mostrar para quantos estamos fomentando essa briga.
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