Após passar quatros aprazíveis e hermosos dias em Buenos Aires, sob o desfrute de um Sol de lascar o sertão do Piauí, pude constatar que, sim, nossos hermanos tinham motivos para se acharem tão europeus quanto qualquer habitante do Velho Continente. A capital argentina guarda em seus inúmeros parques, monumentos, palácios e até mesmo cemitérios todos os quesitos que a faz um roteiro de alto gabarito cultural, a um custo bem mais em conta que um retiro em Paris, Roma, Londres e adjacências.
Dá para constatar os efeitos patentes e empobrecedores da infindável crise dos últimos 20 anos, principalmente no desleixo do Centro da cidade – que em muito lembra a Av. Rio Branco após um dia útil – e na proliferação da miserabilidade – nada perto da favelácia em que se transformou o Rio. Mas, embora afetados por uma economia frágil e inerte, os mendigos de lá continuam pedindo esmola de terno e gravata, com gel no cabelo e sapatos lustrados. Hay que sobrevivir en la crisis, pero sin perder el estilo!
Como carioca, senti pequenas pontas de inveja. Ao me deparar, por exemplo, com toda a estrutura que envolve o Boca Juniors, cuja junção de um ótimo marketing e de um mínimo de gestão profissional consegue vender a marca do time de forma eficiente e proveitosa. Tudo que o Flamengo podia ser um dia, mas nunca deixaram que fosse. A segunda sensação de "viu, como pode dar certo!" é ver como Puerto Madero, de região portuária degradada e decadente, se reinventou em área de lazer, complexo gastronômico, região hoteleira de alto luxo e nova fronteira habitacional. Tudo que o Cais do Porto poderá ser um dia, se de fato quiserem que seja.
Buenos Aires é um grande passeio de alguns dias para qualquer pessoa – melhor: para qualquer casal – e um bom exemplo de como um legado cultural e histórico, mesmo abalado, é capaz de resistir às mais criativas catástrofes econômicas de anos de (des)governo.
Um comentário:
Já pensou a Praça Mauá vira um Puerto Madero? Nossa a vida lá pelo RB1 mudaria um pouco, não?
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