segunda-feira, 25 de junho de 2012

Dois anos para 27. E o mundo espera


Neste último domingo, Lionel Messi completou 25 anos de vida. O que significa dizer que daqui a dois anos, quando estiver em meio à disputa da Copa do Mundo do Brasil, o argentino estará chegando aos 27.

É bem possível que, nesse meio tempo, La Pulga aumente ainda mais a sua já considerável coleção de feitos pessoais, logrando uma Liga dos Campeões aqui, um Campeonato Espanhol ali, umas Copas do Rei acolá. E é bem possível também que Messi, como de costume, dê um show particular em todas essas possíveis conquistas, assombrando o mundo como vem fazendo com certa assiduidade há coisa de quatro anos.

Mas se, do contrário, Leo Messi não conquistar nem mais um título sequer e passar em branco de qualquer uma das artilharias dos campeonatos que disputar, ainda assim, ele entrará em campo nos estádios brasileiros pronto para fazer da Copa do Brasil a sua Copa. Tanto quanto a de 1974 foi de Cruyff, a de 1986 de Maradona, a de 1994 de Romário e a de 2006 de Zidane.

Voltando ao presente: Messi chega hoje aos 25 anos tendo obtido um cartel de conquistas pessoais e coletivas que pouquíssimas vezes se viu na história do futebol. Um currículo que expõe em letras garrafais a capacidade de decidir e de se posicionar como estrela em um time que orbita além da curva da normalidade.

Messi é o caso raro no qual a objetividade individual está sempre unida, visceralente, ao jogo coletivo. Por mais que uma vitória tenha a sua marca através de um gol antológico, ele parece sempre servir mais aos companheiros do que a si próprio. No mundo do futebol de hoje, é caso para estudos.

Os que colocam em dúvida o lugar de Messi no panteão seleto dos imortais da bola usam, geralmente, dois argumentos para confrontá-lo: a falta de atuações convincentes em número expressivo pela seleção argentina e, em consequência, a ausência de uma Copa do Mundo na sua prateleira de feitos.

Quanto às atuações pela Argentina, não é necessário nem muito para defendê-lo – e não me refiro à natural falta de entrosamento em um time que poucas vezes joga junto. Basta dizer que pouco (ou nada) importa comer a bola contra a Bolívia ou a Venezuela pelas Eliminatórias se você tem o hábito de degustar o excepcional time do Real Madrid com requintes de crueldade pelo menos duas vezes por temporada. E isso, ninguém pode negar, Messi sabe fazer como ninguém.

De fato, a grande questão que se coloca para o argentino a essa altura da vida – e por isso a lembrança dos 27 anos que ele completará durante a próxima Copa – está na capacidade de conduzir, como protagonista, a Argentina para uma terceira conquista mundial.

Lionel Messi, creio, tem absoluta ciência desse desafio que se impõe. Ele sabe que a sua grande Copa dificilmente será a da Rússia em 2018 (aos 31 anos), tampouco a do Qatar (com pesados 35 anos) em 2022.

Tal como Romário, que chegou aos Estados Unidos com a "maturidade" dos seus 28 anos aliando uma fase espetacular à experiência de Copas anteriores malsucedidas, o argentino terá no Brasil um conjunto de fatores perfeito para brilhar, individual e coletivamente.

Messi não terá a preocupação de obrigatoriamente fazer da Copa do Brasil um trampolim para o sucesso próprio na carreira. Ele desembarcará por aqui tendo conquistado tudo; todos os torneios, todas as premiações, toda a fortuna que poderia. Mas se por um lado ele poderá jogar livre de ambições pessoais, por outro ele terá consigo a marcação cerrada da opinião pública, dos compatriotas e dos colegas de seleção.

No Brasil, Messi terá que chamar para si a responsabilidade de se fazer eterno, incontestável e gigante na história do futebol mundial. E ninguém há de duvidar que a conquista de uma Copa do Mundo, em território brasileiro, o colocará acima de qualquer outro em seu país. Mario Kempes e Diego Maradona certamente sabem disso.

Quando o árbitro apitar o início da partida no estádio do Itaquerão no dia 12 de junho de 2014, estará começando, com o Brasil em campo, a Copa do Mundo de 2014. Faltando menos de dois anos, ainda se discute em quais condições as principais seleções chegarão, os nomes dos potenciais candidatos a artilharia e a lista dos possíveis azarões. Uma das poucas certezas está no nome e no sobrenome da estrela maior da competição: Lionel Messi.

O que resta saber é se o gênio argentino multicampeão e três vezes (por enquanto) melhor jogador do planeta conseguirá responder a todos os questionamentos que ainda o cercam no momento em que o juiz encerrar, no Maracanã, o jogo do dia 13 de julho de 2014. O maior deles: estará Messi em campo, pronto para erguer a taça?

Esse enredo só ele poderá escrever. E justamente aqui, no Brasil.

Rezemos.