Faltam pouco mais de 48 horas para o início da partida inaugural da Copa do Mundo de 2014 entre Brasil x Croácia, no ainda inacabado estádio Itaquerão.
Sim, vai ter Copa.
Vai ter Copa, sim, ao contrário do que alguns grupos radicais apregoaram em rede sociais e manifestações violentas durante meses, desde a eclosão dos protestos populares de junho de 2013.
Vai ter Copa à brasileira, com tudo o que há de bom e de ruim num país gigante em suas riquezas e diversidades naturais e culturais, embora múltiplo em suas contradições sociais fruto de uma longa história de negligência.
Vai ter, sim, a Copa dos prazos vencidos, das obras inconcluídas e do legado em xeque, marcas indeléveis de um Brasil que permanece arcaico e que motivará, por certo, novos cartazes nas ruas, agora talvez com foco em 2016.
Vai ter, por outro lado, a Copa enquanto evento esportivo, como ela sempre foi por onde aportou. Jamais haveria a Copa idílica que salvaria o Brasil de suas próprias mazelas, pagando dívidas históricas que são exclusivamente nossas.
Vai ter a Copa sem o "pão e circo" que querem imputar injustamente ao futebol, traço cultural inequívoco do povo brasileiro. Porque no Brasil há esportes e há o futebol. Nele nos revelamos reis, e por ele o país se mostrou ao mundo. A "amarelinha" é a nossa bandeira branca universal.
Vai ter a Copa da invasão de turistas ávidos por bola e pelo inescapável clichê "Brazil: Samba, Sol, Praia & Caipirinha" – possivelmente bem menos interessados em reparar nos nossos problemas mundanos, mas que para nós potencializam-se enormes.
Vai ter a Copa popular, dos personagens e das imagens de sempre: das ruas pintadas, das festas de comemoração das vitórias, do mar de camisas amarelas transitando apressadas nos dias de jogos. Vai ter o êxtase do título sofrido ou (toc toc toc) a decepção da derrota amarga?
Vai ter, é claro, a Copa do melhor futebol do mundo e dos estádios lotados.
Vai ter a Copa de Neymar e de uma Seleção Brasileira carregando a missão épica de apagar um fantasma que insiste em perdurar, por mais que tenha ficado para trás o trauma do Maracanazzo de Ghiggia e Barbosa. Aliás, será que ficou para trás mesmo?
Vai ter a Copa das demais grandes seleções e de (quase) todos os seus craques. De Messi a Touré, de Rooney a Iniesta, de Balotelli a Müller, de van Persie a Sanchéz, de Suárez a Cristiano Ronaldo, apenas um deles, ou talvez nenhum deles, sairá mítico dos campos brasileiros.
Vai ter Copa, sim. Vai ter um mês de festa no Brasil, e de festa do Brasil para o mundo. Será a Copa com a cara e com o jeito brasileiros, com os nossos defeitos e principalmente com as nossas virtudes. Já dá para dizer, mesmo de última hora, que esta será a Copa do povo brasileiro.
Vai dar certo.
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