quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Uma Medellín de amor e lágrimas para o mundo ver



O que aconteceu nesta quarta-feira dentro e fora do lotado estádio Atanásio Girardot, em Medellín, foi algo para fazer recobrar a fé na humanidade até no mais cético e duro ser humano. Demonstração de respeito e amor em níveis caudalosos, extremos.

Jamais vi ou tive conhecimento de algo próximo: uma celebração gratuita de solidariedade em dimensões colossais montada em poucas horas. Nada ali foi trivial. Pensar em algo assim em meio ao caos da tragédia impressiona.

O povo colombiano, devastado por anos a fio no centro da guerra sangrenta do narcotráfico, ensinou ao mundo como agir diante da mais aguda tristeza.

O Clube Atlético Nacional se apresentou como um gigante do futebol mundial num âmbito bem além do esportivo. Uma nobreza de caráter admirável.

A Chapecoense não poderia ter pela frente um outro parceiro – rival nunca! – mais poderoso para essa final, que infelizmente jamais será disputada.

Que lição de vida, de dignidade e de irmandade.

Emocionante.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Dez shows da minha vida

  • Paul McCartney, Rio (Maracanã), 1990
  • Michael Jackson, SP (Morumbi), 1993
  • Legião Urbana, Rio (Metropolitan), 1994
  • Stevie Wonder e Gilberto Gil, Rio (Metropolitan), 1995
  • The Police, Rio (Maracanã), 2007
  • Roberto Carlos, Rio (Maracanã), 2009
  • U2, SP (Morumbi), 2011
  • Sade, Brasília (Nilson Nelson), 2011
  • Bob Dylan e Mark Knopfler, Chicago (United Center), 2012
  • Rolling Stones, Rio (Maracanã), 2016

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Só o começo




Diego, Donatti, Damião. Três contratações de impacto somente nos últimos 15 dias.

Guerrero, Mancuello, Juan, Ederson, Rever, Cuéllar, Arão, Sheik, Muralha. Várias contratações igualmente impactantes nos últimos 12 meses.

Todos eles jogadores que seriam titulares em praticamente todos os clubes do Brasil.

Na prática, um conjunto de contratações que dá ao Flamengo, depois de muitos anos, um elenco de candidato real ao título de campeão brasileiro.

Não se trata apenas de um time, de contratações pontuais de um ou de outro craque. Vimos isso de tempos em tempos, e quase sempre o objetivo de voltar a dominar o Brasil se frustrava. Agora há um elenco, e mais que isso.

Lá atrás tivemos Sávio, Romário e Edmundo, três ícones que, juntos, se eternizaram na piada do "pior ataque no mundo". Tivemos Alex, Denílson, Edilson, Gamarra, Vampeta e Petkovic, em um grandioso projeto que ficou apenas nos Estaduais (inesquecíveis, lindos, mas estaduais) e na finada Copa dos Campeões. Tivemos Ronaldinho Gaúcho e Thiago Silva, ambos pilotando um bonde que também nos deu apenas o domínio regional, além de um jogo eterno na Vila.

Por outro lado, graças das Deus, tivemos Adriano, Bruno, o velho Pet e a cabeçada do Angelim, naquele campeonato milagrosamente maluco de 2009.

Todos craques, cracaços, mas que vieram em rascunhos de projetos políticos isolados, que deram ao clube retorno esportivo aquém do que pretendiam e resultados administrativos terríveis. Sabemos todos que o Clube sangra no bolso até hoje.

Agora temos a oportunidade de ver outros craques especiais, novatos em se tratando de Flamengo e que ainda causa certa estranheza em parte da torcida, mas fundamentais: planejamento, estrutura e responsabilidade. Craques que não vestem a camisa, mas que valorizam o Manto Sagrado da melhor maneira possível.

O patamar do Clube mudou. A realidade hoje é outra. As cobranças aumentarão, de todos os lados. A obrigação, porém, segue a mesma: o clube mais popular do país, como diz o Apolinho, é um gigante que se alimenta de títulos. A formação do atual elenco como fruto desse processo de profissionalização da gestão só aumenta a fome desse monstro.

Apesar do cheirinho que paira no ar, o título deste ano ainda é um sonho. A diferença é que, ao contrário de outros tempos, não se trata apenas de um sonho de uma noite de verão – ou de uma temporada. É um sonho real, com perspectiva de ser duradouro.

Que seja o início de uma nova e longa era de grandeza para o Flamengo, com grandes títulos.

Comecemos pelo hepta.

SRN

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Paulo Batista Machado (1949-2016)



Filósofo, teólogo, padre, escritor, poeta, professor, mestre, doutor, PhD, político, educador... O lado profissional e a dedicação à vida pública de Paulo Batista Machado levariam muito tempo de pesquisa para ser devidamente exaltados com justiça e abrangência, dada a extensão de um currículo impecável, admirável, sem uma mancha qualquer que pudesse levantar questionamentos em relação a sua capacidade e retidão de caráter.

O reconhecimento de seus pares e de seus conterrâneos saberá louvar, com o devido tempo e com as justas honrarias, esse rico capítulo da enorme biografia de Paulo.

Quero aqui, em meio a este momento de dor, me ater à outra face do meu querido tio e padrinho Paulo Machado. Faço questão de registrar a importância, para mim, de tê-lo como referencial maior no campo do saber intelectual e da dedicação ao conhecimento. Sempre, desde muito pequeno, vi na figura de meu tio Paulo uma fonte de inteligência e de bom senso, características que o colocavam de forma natural como uma espécie de mediador da família.

Paulo, mais do que tudo isso e do que tantas outras coisas, viveu uma vida nobre sendo um homem bom, andando no caminho do bem e praticando generosidade e altruísmo. Não consigo imaginar maior legado que alguém possa deixar para os seus e para sua comunidade. Um privilégio para todos aqueles que puderam conviver e aprender com ele.

Natural de Itabuna (BA), meu querido tio Paulo partiu de Salvador nesta sexta-feira, aos 67 anos, rumo a um plano superior. O sepultamento ocorrerá na sua amada Senhor do Bonfim, da qual tinha orgulho de ter sido morador e prefeito.

Seus vastos e valorosos ensinamentos seguirão para sempre comigo, meu tio. Muito obrigado.

terça-feira, 19 de abril de 2016

As 10 mais do Rei que não são da dupla Roberto & Erasmo


No aniversário do Rei, 10 músicas espetaculares do seu repertório, gravadas originalmente por ele, mas que não são de autoria da dupla "Roberto & Erasmo":

  • Não Vou Ficar (Tim Maia) | 1969
  • Como Dois e Dois (Caetano Veloso) | 1971
  • Como Vai Você (Antônio Marcos) | 1972
  • Outra Vez (Isolda) | 1977
  • Pra Ser Só Minha Mulher (Ronnie Von / Tony Osanah) | 1977
  • Vivendo Por Viver (Márcio Greyk) | 1978
  • Força Estranha (Caetano Veloso) | 1978
  • A Ilha (Djavan) | 1980
  • Eu e Ela (Mauro Motta / Lincoln Olivetti / Robson Jorge) | 1984
  • Amor Perfeito (Michael Sullivan / Paulo Massadas / Lincoln Olivetti / Robson Jorge) | 1986

#RobertoCarlos75

segunda-feira, 18 de abril de 2016

O discurso histórico de Darcy: por que Glauber chorava?

Contra a exaltação insana e covarde da memória de um matador oficial do Estado por parte de um deputado que prefiro omitir o nome imundo, em pleno plenário de Congresso Nacional (o que configura um crime tipificado em lei), relembro aqui o discurso histórico de mestre Darcy Ribeiro durante o enterro do cineasta Glauber Rocha, em agosto de 1981.

As palavras do antropólogo, uma das mentes mais brilhantes e generosas em favor da melhoria do povo brasileiro, valem para um Brasil que desgraçadamente ainda está aí e que se apresentou ontem de cara lavada, em horário nobre.

Triste.

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"Uma vez, e eu não vou esquecer nunca, Glauber passou uma manhã abraçado comigo e chorando.

Chorando, chorando convulsivamente.

Eu custei a entender – ninguém entedia – que Glauber chorava a dor que nós devíamos chorar. A dor de todos os brasileiros.

O Glauber chorava as crianças com fome.

O Glauber chorava esse país que não deu certo.

O Glauber chorava a brutalidade.

O Glauber chorava a estupidez.

A mediocridade.

A tortura.

Ele não suportava. Chorava, chorava, chorava.

Os filmes do Glauber são isso. É um lamento, é um grito, é um berro.

Essa é a herança que fica de Glauber.

Fica de Glauber pra nós a herança de sua indignação.

Ele foi o mais indignado de nós. Indignado com o mundo tal qual é.

Assim"

(Darcy Ribeiro)

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Veja o discurso histórico de Darcy Ribeiro clicando aqui.

domingo, 17 de abril de 2016

Dia D, de derrota

Na decisão do "Fla-Flu da Insanidade", sigo de fora desse jogo.

Não assisti a nada disso que estão comentando e lamentando desde cedo. Não preciso ver as imagens para saber dos risos canalhas e dos discursos hipócritas de um bando de larápios com imunidade parlamentar, tudo em horário nobre para um Brasil de audiência. O circo já estava armado há muito tempo, esperando apenas pelo grande picadeiro midiático. Recusei humildemente o papel de palhaço da vez e preferi não dar moral para esse tipo de espetáculo deprimente, que só expõe a indigência de ideias e de caráter da qual é feita a política brasileira.

Tenho certeza que não há inocentes nessa brochura triste da nossa história, mas sei também que não há vencedores numa situação de fragilidade institucional como a que vivemos atualmente - e amigo(a), se você se vê como um vitorioso hoje, eu lamento muito pela sua inocência juvenil. O simples fato de saber que a condução desse processo coube a um corrupto histórico, comprovado, réu em quase uma dezena de processos na mais alta corte do país, mas que ainda assim permanece sentado na cadeira onde está, só isso, ao meu ver, já põe uma pá de cal na credibilidade desse rito.

Estou profundamente entristecido por tudo o que está acontecendo e ainda vai acontecer - e falta muita água pra rolar -, mas se eu tiver que lidar com toda essa situação, que não seja batendo palma para malucos e safados dançarem dentro da minha sala.

O lance é seguir em frente com a dignidade em alta, mesmo mergulhados num lamaçal podre com pilantras de todas as cores e credos te dando ordens e te dizendo o que é certo ou errado (melhor isso que ser surdo).

Continuar lutando e fazendo a nossa parte contra tudo o que há de ruim por aí: é o que nos resta.

segunda-feira, 14 de março de 2016

O Brasil da "roupa branca" nas ruas



Em meio às grandes manifestações realizavas por quase todo o país no último dia 13 de março, surgiu nas redes sociais um debate satélite - porém pertinente - sobre o simbolismo da velha e patriarcal "casa grande e senzala" aplicada aos dias de hoje, na qual a figura central era a triste figura da "babá uniformizada de branco".

Rapidamente derivou-se daí uma série de teses completamente fora de contexto, na qual a cor da pele do patrão e/ou do empregado pode determinar se essa ou aquela situação configura-se em "preconceito de classes". Tudo a base de imagens descontextualizadas, de parte a parte.

Quando a uma determinada simbologia - remetendo a sociedades escravocratas, como nesse exemplo - é manipulada e utilizada fora de esquadro, discursos enviesados e parciais, de quaisquer naturezas, são permitidos a todos aqueles carentes de bom senso e discernimento.

Não se trata de pagar, de garantir direitos ou de dar acesso (na prática até um certo limite). Isso é o mínimo do que se pode esperar numa relação trabalhista. O lance está no simbolismo real do que representa a figura de serviçais de famílias em pleno Brasil de século XXI. Esse é (seria) o ponto.

Mas quantos realmente se importam com isso nesse louco mundo binário e maniqueísta de redes virtuais antissociais?

Enfim, segue o jogo em mais um dia de Fla-Flu da Insanidade por essas bandas.