quarta-feira, 30 de junho de 2010

Coincidências e teorias de Copa: será que funcionam?

Uma das coisas mais legais em época de Copa do Mundo é a profusão de teorias conspiratórias e/ou coincidências numerológicas e matemáticas sobre os possíveis resultados do torneio.

Nunca parei para certificar se as previsões dão realmente certo ou se os cálculos dão com os burros n'água, mas é instigante imaginar que a história, de tempos em tempos, pode se repetir.

Essa aqui abaixo eu recebi hoje por e-mail, e mexe com algumas seleções classificadas para as quartas de final. Se vai dar certo? Sei lá... Mas se der, pode ficar certo que daqui a quatro anos ela vai voltar, com outra previsão irrefutável.

Quem viver verá!

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O Brasil ganhou a Copa do Mundo em 1994. Antes disso, sua última conquista foi em 1970. Se você somar 1970 + 1994 = 3964.

A Argentina ganhou sua última Copa do Mundo em 1986. Antes disso, só em 1978. Somando 1978 + 1986 = 3964.

Já a Alemanha ganhou a sua última Copa em 1990. Antes disso foi em 1974. Somando 1990 + 1974 = 3964.

Seguindo esta lógica, poderia se ter adivinhado o ganhador da Copa do Mundo de 2002, pois este teria que ter sido o vencedor da copa de 1962!

Conferindo: 3964 - 2002 = 1962.

E o ganhador da Copa em 1962 foi o Brasil!

Realmente, a numerologia parece funcionar...

E quem venceria a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul?

Resposta: 3964 - 2010 = 1954

E quem ganhou em 1954?...

ALEMANHA!!!

Será?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Primeiras impressões (sem compromisso, claro) sobre a Copa 2010:

- Nunca na história deste país uma Seleção Brasileira (ainda em maiúscula) foi tão duramente criticada por seus supostos torcedores. Acho que nem em 1990 a coisa foi tão pesada. Sem entrar no mérito de convocação, escalação, esquema tático ou posicionamento ideológico, esse grupo comandado por Dunga é o atual campeão da Copa das Confederações e da Copa América, além de primeiro colocado nas eliminatórias sulamericanas. Com currículo tão favorável, acho que talvez o escrete canarinho merecesse um voto de confiança maior dos brasileiros.

- Feita a defesa, vale dizer que a postura ríspida, arrogante, sarcástica e auto-suficiente do comandante Dunga e de seu fiel escudeiro Jorginho em nada contribui para arregimentar a torcida para o seu lado - vale dizer, o lado da Seleção. Tenho absoluta convicção que muitos dos que torcem abertamente contra o Brasil o fazem por pura birra com o jeito Dunga de ser, que hoje impera naquele que é o símbolo maior do futebol brasileiro, quiçá mundial. Todos adorariam estar vestindo a camisa amarela, chorando na hora do hino, soltando fogos nos gols, essas coisas de Copa do Mundo. Tudo bem, fica para 2014, aqui em casa...

- O jogo contra a Coreia do Norte mostrou fragilidades no time (meu Deus, nunca achei que fosse escrever isso...). Confiar em Felipe Melo e Gilberto Silva armando jogadas é esperar pela visita do Papai Noel no Natal. Um dos ativos de grandes Seleções Brasileiras, como as de 1970 e 1982, era contar com volantes que sabiam sair para o jogo, que tinham a capacidade de ir muito além do toque lateral burocrático - coisa que mais se viu contra os norte-coreanos. Não, não estou querendo comparar Clodoaldo e Falcão com os citados acima, mas mesmo o Dunga de 1994 tinha algum talento quando procurava sair para o jogo. Rezemos, pois.

- Nunca na história deste esporte uma Copa do Mundo começou tão sofrível, com tantos jogos de nível de Série C de Campeonato Brasileiro. Acho que nem em 1990 a coisa deu a impressão de ser tão ruim como agora. Espero que a maior competição esportiva do planeta recupere os seus melhores momentos a partir da segunda rodada - o primeiro jogo, Uruguai 3x0 África do Sul, pelo menos teve gols...

- Sofrido vai ser, acho que disso ninguém tem dúvida. Mas dá, pode apostar. Eu acredito!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

OLTN


Depois que o Bussunda morreu, e lá se vão quatro anos, nunca mais vi o "Casseta e Planeta" como antes. Parece meio bobo, mas fato é que eu não consigo me acostumar quando um(a) cara jovem morre das chamadas "causas naturais", que nada têm a ver com acidentes, desastres naturais ou violência.

O mais carismático dos cassetas estava apenas batendo uma bola, jogando uma inocente pelada de fim de tarde, nos arredores do hotel onde estava hospedado na Alemanha, durante a cobertura da Copa do Mundo. Não resistiu. Parou de jogar, voltou pro hotel, entrou no quarto e pimba!, caiu duro. Uma coisa escrota, como convém a uma morte absolutamente inesperada e sem sentido. Morte não tem que ter sentido, eu sei, mas algumas não dá nem pra tentar entender.

Nesses dias de TPC (Tensão Pré-Copa) e do recente lançamento da sua biografia, escrita com muita competência pelo Guilherme Fiuza, tenho lembrado constantemente do Bussunda. Da sua cara de gente do bem, das suas impagáveis imitações femininas, da sua paixão avassaladora pelo Flamengo, de como seria a sua presença na África do Sul (quem ele imitaria na seleção, o Kaká?)... Aliás, se tem alguém que faz falta na legião twitteira, esse alguém é o Bussunda. Faz falta o seu humor com categoria, sem baixar o nível pra fazer polêmica. O lance dele era fazer rir, apenas.

Tenho uma história muito boa com o Bussunda. Numa edição de décadas atrás da Bienal do Livro do Rio, estava acompanhando um debate no Café Literário sobre "o humor nos dias de hoje", ou algo do tipo, no qual estavam presentes ele, Hélio de La Peña, Marcelo Madureira, Luiz Fernando Novaes e uma escritora de cujo nome não me recordo. Eu estava sentado próximo ao palco. Em determinado momento do debate, aproveitei um instante de distração dele e dei um livro de piadas do Casseta, que tinha acabado de comprar, para os três integrantes do grupo autografarem ali mesmo. O problema surgiu quando eles sinalizaram com a cabeça perguntando o meu nome...

Como eu não podia responder em voz alta, pois o debate ainda estava transcorrendo, comecei a fazer o movimento labial devagar, mas sem o som da voz, numa tentativa de dizer Oldon – um nome, convenhamos, pra lá de exótico. O-L-D-O-N, fiz com a boca, recheando cada letra. Nada dele decifrar. O Hélio entrou no jogo de adivinhação e, do palco, listava alguns nomes pra mim, movimentando a boca mas sem emitir som:

- "O que, como é o teu nome? Ofon? Olom? Omar? Paulo?" – perguntava de La Peña.

Depois de alguns minutos em que eu tentava inutilmente algum sucesso numa mímica labial amadora em meio a centenas de pessoas (que a essa altura já tinham notado o inusitado da situação), Bussunda chutou o balde. Abriu o livro que estava em sua posse, sacou uma caneta e mandou a seguinte dedicatória a este sujeito de nome incompreensível que ora vos escreve:

"Valeu, OLTN (Obrigações e Letras do Tesouro Nacional). Seu nome é melhor que qualquer piada deste livro. Abraços do Bussunda".

Nunca ri tanto ao ser sacaneado por alguém. Até porque ter sido sacaneado pelo Bussunda, pra mim, foi uma honra.